O Palácio do Planalto está preocupado com o avanço da extrema-direita nas eleições para o Parlamento da União Europeia e busca uma aproximação com o Centrão para aliviar o impacto político desse resultado na tentativa de formar uma frente ampla no Congresso, conforme informações do G1.
O clima na Esplanada ficou tenso após a divulgação dos resultados parciais das eleições para o Parlamento da União Europeia (UE) na última segunda-feira (10), que confirmaram uma virada à direita na Casa, braço legislativo do maior bloco econômico do mundo, ganhando espaço das siglas ambientalistas.
De acordo com fontes do Executivo, o governo brasileiro percebe que a tarefa política principal neste terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é realmente construir uma frente ampla para isolar o Bolsonarismo, um desafio que se mostra difícil na prática.
Além da eleição do Legislativo mais conservador desde a redemocratização, a centralização das ações dos ministros em torno do presidente Lula e erros na articulação política do governo têm dificultado esse processo, conforme avaliam especialistas.
Dentro do Planalto, a percepção é que a eleição de Lula para este mandato foi um evento “atípico” em um cenário global que tende mais à direita e ao conservadorismo. Portanto, aliados do petista acreditam que é essencial fortalecer a frente ampla de partidos que permitiu sua eleição e, dessa forma, buscar isolar a extrema-direita.
Dificuldades
A extrema-direita tem mostrado uma resiliência notável, apesar das derrotas recentes. Essa resiliência é, em grande parte, atribuída à sua habilidade em utilizar as redes sociais de maneira eficaz, um campo em que a esquerda ainda é mais analógica.
As eleições municipais representam outro desafio para a formação de uma frente ampla. Líderes do Congresso, como Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, estão focados em eleger aliados em seus redutos eleitorais, que tendem a ser conservadores. Isso significa que esses líderes nem sempre podem estar alinhados com o governo.
Além disso, as emendas parlamentares também complicam a situação. No passado, quando o governo controlava o pagamento desses recursos, era mais fácil fazer acordos com o Congresso. Hoje, com o orçamento impositivo, o Congresso ganhou mais autonomia. Uma grande parte das emendas passou a ser de pagamento obrigatório, diminuindo o poder de negociação do Palácio do Planalto.
Pontes
Nesse contexto, o governo busca estratégias para construir alianças e fortalecer a esquerda e o centro contra a extrema-direita. Uma das abordagens consideradas é uma reforma ministerial que inclua mais partidos do Centrão.
Há discussões, por exemplo, sobre a possibilidade de o Centrão ganhar uma pasta no Palácio do Planalto, uma vez que atualmente todos os ministérios palacianos são ocupados por políticos identificados com o PT e a esquerda.
O governo também está concluindo que não é mais viável pautar projetos sobre costumes progressistas no Congresso. Diante disso, a gestão petista deve focar na pauta econômica até o fim do mandato.
Além disso, o governo tem prometido uma maior participação do presidente Lula nas negociações com o Congresso. Lula, sendo a figura central do governo, tem uma palavra que pesa mais que a de seus ministros. Tanto o Centrão quanto os partidos da base aliada desejam mais a presença ativa do presidente.