Extrema direita lidera pesquisas na Áustria com candidato antivacina e anti-imigração

Atualizado em 28 de setembro de 2024 às 15:46
O líder da extrema direita austríaca Herbert Kickl. AP. Foto: Divulgação

O cenário político da Áustria está cada vez mais polarizado com a aproximação das eleições de 2024, com o conservador Partido Popular Austríaco (ÖVP) e o Partido da Liberdade (FPÖ), de extrema direita, liderando as pesquisas eleitorais.

Ambos os partidos têm entre 20% e 30% de apoio popular, com o Partido Social-Democrata (SPO) logo atrás, segundo as últimas pesquisas. Essa divisão acirrada sugere que o próximo governo austríaco será formado por uma coalizão, já que nenhum dos partidos atingirá a maioria necessária no parlamento de 183 cadeiras.

Para garantir a maioria absoluta, que requer 92 cadeiras, a única combinação viável parece ser uma aliança entre o FPÖ e o ÖVP, já que ambos compartilham pautas sobre imigração mais rígida e cortes de impostos. Contudo, o radicalismo do líder do FPÖ, Herbert Kickl, pode ser um obstáculo significativo para essa possível coalizão.

Herbert Kickl, líder do FPÖ desde 2021, tem se destacado por seu estilo agressivo e por sua linguagem que frequentemente remete ao nacional-socialismo. Sua ascensão no partido foi marcada por uma campanha antivacina durante a pandemia de Covid-19, que encontrou grande adesão no país.

Além disso, Kickl defende uma “orbanização da Áustria”, em referência às políticas de extrema direita adotadas pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e faz duras críticas à imigração, reforçando sua visão de uma “Áustria fortaleza”.

Viktor Orbán. Foto: Divulgação

Embora sua postura radical tenha conquistado uma base de apoio significativa, isso também levanta questionamentos sobre sua capacidade de formar alianças. Karl Nehammer, atual líder do ÖVP, já declarou que não descarta completamente uma aliança com o FPÖ, mas rejeita qualquer tipo de acordo direto com Kickl.

O atual presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, também expressou suas reservas em relação ao FPÖ e ao seu líder, e sinalizou que não está obrigado a formar uma coalizão com eles, mesmo que o partido de extrema direita obtenha uma votação expressiva. Isso aumenta ainda mais a incerteza sobre o futuro político da Áustria, que pode enfrentar uma complexa negociação pós-eleitoral.

Enquanto o país se prepara para uma das eleições mais disputadas de sua história recente, o impacto das políticas populistas de Kickl, aliado ao crescente apoio ao FPÖ, promete continuar moldando o debate político no país.

Se as pesquisas se confirmarem, o cenário político austríaco verá uma forte polarização entre o conservadorismo e a extrema direita. No entanto, a complexidade da formação de governo poderá dificultar o avanço do FPÖ, caso Kickl continue à frente do partido com sua postura inflexível. Ao mesmo tempo, a ascensão de posições radicais reflete uma mudança no clima político do país, cada vez mais aberto a discursos polarizadores.

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