Aos poucos os interesses por trás da candidatura de Jair Bolsonaro à presidência da República saem das sombras. Neste sábado, a filial brasileira da fabricante de armas Glock fez um post no Facebook que pode ser interpretado como apoio ao candidato do PSL.
A postagem é sucinta. Mostra a foto do detalhe de uma pistola onde se vê gravado “Glock 17”, o mesmo número do candidato fascista. O texto se resume ao mesmo conteúdo da foto, escrito entre duas bandeiras do Brasil.
Nos comentários houve quem entendesse o recado:
“Parabéns a Glock do Brasil pela posicionamento!”
“Finalmente se posicionaram. Tavam perdendo feio pra CZ Armas Brasil.”
Fundada nos anos de 1960 na Áustria, a Glock é mundialmente conhecida por sua linha de pistolas, classificadas por especialistas entre as melhores do mundo devido à precisão, confiabilidade e segurança. Fazendo uma analogia com os automóveis, para comparação, a brasileira Taurus seria um VW Gol e a Glock, um Audi A4.
Os modelos e diferentes calibres da Glock são identificados por números. No Brasil são comercializados para cidadãos comuns apenas os modelos 25, 28 e 42, todos do calibre .380. A modelo 17, calibre 9 milímetros, é de uso restrito a forças de segurança.
Na fanpage da Glock Brasil há postagens relativas a calibres de uso restrito, portanto o conteúdo referente ao modelo 17 está em sintonia com o restante da página.
Mesmo assim é preciso ser muito inocente para não ver que o post é mais que uma elegia a determinado modelo de arma. Além de exaltar a pistola, enaltece o candidato que promete encher a ruas de armas.
Mais gente adquirindo armas significa mais lucro para quem as vende, simples assim. A expectativa deste setor é tão grande que as ações da fabricante nacional Taurus subiram à medida que Bolsonaro subia nas pesquisas.
Este fenômeno foi até lembrado por Ciro Gomes no debate da rede Globo. De acordo com a Agência Lupa, as três ações da empresa negociadas na bolsa cresceram 180%, 201% e 132%, entre os dias 06 de agosto e 04 de outubro.
Enquanto o tal “cidadão de bem” idolatra o candidato que promete facilitar o seu acesso a armas de fogo, a indústria armamentista comemora os lucros do presente e a possibilidade de lucrarem mais no futuro.
Não é preciso visão de franco atirador para ver quem faz papel de idiota nesta história.