Jair Bolsonaro posou com a líder da ultradireita alemã Beatrix von Storch, neta de Lutz Graf Schwerin von Krosigk, ministro das Finanças de Adolf Hitler.
Beatrix é vice-presidente do partido extremista Alternativa para a Alemanha. Ela também esteve com Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF).
Na foto aparece Sven von Storch, marido dela. Beatriz escreveu em suas redes que seu grupo quer “fortalecer suas conexões e defender nossos valores cristãos e conservadores em nível internacional”.
O avô serviu a Hitler por mais de 12 anos. Ele foi julgado no Tribunal de Nurembergue e condenado por crimes de guerra a 10 anos de prisão. Foi anistiado em 1951.
Bolsonaro já se disse admirador do führer — do ponto de vista militar, digamos.
Mais do que isso: falou que seu bisavô foi soldado da Wehrmacht durante a Segunda Guerra Mundial.
Numa sessão especial da Câmara dos Deputados realizada em novembro de 2014, em homenagem aos 70 anos do desembarque da Força Expedicionária Brasileira na Itália, o então deputado pelo PP agradeceu aos EUA “por não estar falando alemão”.
Completou: “Apesar de meu bisavô ser alemão e ter sido soldado de Hitler. Ele não tinha opção: era ser soldado ou paredão. Graças a Deus ele perdeu a guerra. Mas ele me contou muitas histórias que eu não vou falar aqui agora.”
Repetiu essa história para o CQC. Tudo cascata, como provou nosso colunista Miguel Enriquez no DCM.
De acordo com a Wikipedia, o bisavô de Bolsonaro, que se chamava Carl Hintze, nasceu na Alemanha, por volta de 1876, e chegou ao Brasil em 1883, anda criança, cinco décadas antes do conflito. Em 1939, quando a Polônia foi invadida, Carl tinha 63 anos, uma idade um tanto provecta e pouco plausível para a convocação de um soldado, convenhamos.
Mesmo que Bolsonaro tenha se confundido e quisesse ter se referido à Primeira Guerra, a lorota não se sustenta. Primeiro, porque em 1914 Carl já tinha 38 anos, o que também é considerado uma idade avançada para um combatente.
Segundo, porque o velho Adolf lutou nela como um simples cabo e, portanto, a Wermacht não poderia ser considerada o “exército de Hitler.”
Além disso, não há nenhuma evidência de que o bisa, falecido em 1969 em Campinas, tenha deixado o Brasil nesse período.
Noves fora a mitomania, é só essa vontade de Bolsonaro de colocar logo uma suástica na camisa e sair por aí.