O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu uma entrevista ao jornal O Globo, revelando detalhes e críticas sobre os ataques ocorridos em Brasília, desde o 12 de dezembro de 2022 até as invasões golpistas de 8 de janeiro de 2023.
O presidente afirmou que não teve as “informações corretas” do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, ao viajar para São Paulo no primeiro fim de semana do seu mandato. Na ocasião, Lula visitou Araraquara, no interior de São Paulo, que sofria com deslizamentos e enchentes decorrentes das fortes chuvas de verão.
O mandatário falou de seu desconforto com os acampamentos em frente aos quartéis nos primeiros dias de seu terceiro mandato. Ele afirmou ter conversado com Múcio antes de sair de Brasília. “Antes de viajar para São Paulo, conversei com o ministro Múcio, ele disse que estava tranquilo, que as pessoas iam sair. Viajei tranquilo. Não me passava pela cabeça que eu ia ser pego de surpresa com aquela manifestação”.
O presidente destacou que imaginava que os acampamentos estavam se encerrando, mas posteriormente soube que mais pessoas chegaram de ônibus nos acampamentos. A informação da “Festa da Selma” não foi passada ao presidente por Múcio.
Ao retornar de Araraquara a Brasília, visitou a sede da prefeitura para traçar a estratégia de reação do governo federal. Ele avaliou que os ataques de 8 de janeiro devem servir como exemplo para as pessoas levarem a sério a democracia.
“Nós precisamos levar muito a sério o significado da palavra democracia. Democracia é o direito de a gente divergir, discordar, falar o que quer desde que respeite os direitos dos outros e as instituições que nós criamos para garantir a própria democracia.”
Lula comparou os eventos de janeiro de 2023 com o golpe militar de 1964, destacando a importância de aprender com essas experiências históricas.
Segundo Lula, os ataques golpistas são resultado de um “pacto” entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), a Polícia do Distrito Federal e a Polícia do Exército durante os eventos que marcaram a diplomação de Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Isso havia, inclusive com policiais federais participando. Ou seja, aquilo não poderia acontecer se o Estado não quisesse que acontecesse”, disse Lula ao Globo.