Por Moisés Mendes
O áudio em que Milton Ribeiro, o chefe dos pastores do MEC, diz que Bolsonaro o alertou, por “pressentimento”, de que ele seria alvo da Polícia Federal, não diz tudo.
É óbvio que não diz? Porque a conversa é de um grampo em que Ribeiro fala com uma filha e se refere a uma conversa em que Bolsonaro fez o alerta.
E claro que a conversa com Bolsonaro também pode ter sido grampeada, a partir do telefone de Ribeiro.
Só que aí o problema é mais grave, e o grampo não pode ser divulgado. É o chefe da quadrilha falando com o chefe dele, que tem foro, e no fim é o chefe supremo de todos eles.
Se Sergio Moro tivesse feito o grampo, a conversa já teria vazado, como o ex-juiz suspeito vazou para a Globo aquele telefonema entre Lula e Dilma, em marco de 2016, cinco meses antes do golpe de agosto.
Não havia nada no telefonema que pudesse insinuar qualquer ilegalidade. Mas Moro fez o serviço para a Globo e para a extrema direita e depois conseguiu encarcerar Lula.
A conversa de Bolsonaro com Milton Ribeiro pode ser vazada? É difícil, mas não é impossível.
E essa conversa deveria, sim, ser tornada pública, porque envolve uma quadrilha de religiosos (ou que se dizem ser religiosos) que saqueava o MEC sob o comando de Ribeiro e de Bolsonaro.
Se vazasse, o áudio teria que levar a outras sindicâncias, para se saber quem avisou Bolsonaro de que o chefe da gangue seria cercado pela PF.
Além do áudio da conversa de Ribeiro com a filha, enviado ao Supremo, existem centenas de gravações de conversas entre os pastores e o ex-ministro, que estão em poder da Polícia Federal.
Teremos grandes emoções, talvez mais do que na Vazajato de Moro e Dallagnol.
(Texto originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES)
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