Quando todos imaginavam que Eduardo estivesse arrependido por defender a volta do AI-5, eis que o Zero Três dobra a aposta e posta no Twitter um vídeo defendendo a repressão e citando o maldito Brilhante Ustra como baluarte da Pátria e da família.
Falou da organização Ação Popular para dizer que o senador tucano José Serra, um dos artífices do golpe de 2016, patrocinava o terrorismo através da presidência da UNE.
Eduardo citou também Dilma, Lula, Marighella, Lamarca e outros que, segundo ele, “trouxeram pânico e terror ao Brasil no final dos anos 1960 e início dos 70”.
O jornalista Franklin Martins, conhecido militante pela volta da democracia após os anos de chumbo, e que viveu de perto o horror do AI-5, disse ao DCM que tem orgulho de, junto com a sua geração, ter sido um dos protagonistas da luta pela democracia e pela liberdade.
“Esse Zero Três nem percebe que está cometendo um ato ilícito ao defender o AI-5”, diz. “Na condição de deputado, jurou defender a Constituição e ela é contra a ditadura. Aos poucos, o povo está descobrindo quem são essas pessoas”.
Na prática, o Ato Institucional número 5, emitido pelo presidente Artur da Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968, resultou na perda de mandatos de parlamentares contrários aos militares, intervenções ordenadas pelo presidente nos municípios e estados e também na suspensão de quaisquer garantias constitucionais que resultaram na institucionalização da tortura usada como instrumento pelo Estado.
“É o chamado golpe dentro do golpe”, comentou Franklin. “A partir daquele momento, as pessoas começaram a ser presas, torturadas e mortas. É o período mais vergonhoso da história do país”.
Quando falou com o DCM, às 16h45 desta quinta, 31, o jornalista matou a charada sobre o que viria minutos depois.
“Daqui a pouco, o Zero Zero manda apagar o vídeo”, disse. “Zero Zero, Zero Um, Zero Dois e o Zero Três são a encarnação do desgoverno”.
Esse é o Brasil do momento: um navio desgovernado, procurando uma tangente para disfarçar toda a sua estupidez.