Essa reportagem foi publicada originalmente em 28 de maio de 2016 e envolve Renan Santos, fundador do MBL recentemente banido do Facebook numa operação contra fake news.
Estamos republicando por razões óbvias.
Áudios divulgados na imprensa mostraram que o Movimento Brasil Livre recebeu dinheiro e apoio de partidos como PMDB, PSDB, DEM e Solidariedade.
Os recursos foram usados no protesto do dia 13 de março de 2016, que reuniu 500 mil pessoas na Avenida Paulista.
A Juventude do PSDB pagou as caravanas e os lanches do protesto, enquanto o PMDB foi encarregado dos panfletos, de acordo com um áudio que vazou. As “máquinas partidárias” do DEM e do Solidariedade ajudaram o grupo com transporte.
Renan Antônio Ferreira dos Santos (32), um dos três coordenadores nacionais do MBL, é o personagem central da história.
O jovem é quem aparece na gravação.
Os irmãos Renan e Alexandre se filiaram ao PSDB em 10 de novembro de 2010. Eles deixaram o partido em 2015 para se dedicar somente ao MBL, mas não cortaram seus laços com a legenda conforme os áudios mostram.
Ygor Oliveira, da Juventude do PSDB no Rio, diz que fechou uma parceria com o movimento para uma manifestação em Brasília no dia 11 de maio.
Renan surge nos áudios porque ele é coordenador e diretor financeiro do MBL.
O UOL divulgou no dia 8 de maio que ele é réu em 16 ações cíveis e 45 processos trabalhistas. O texto elenca negócios dele, um carro e empresas vinculadas com a irmã Stephanie e o irmão Alexandre. Ao apurar os processos que envolvem Renan Santos, o DCM descobriu que há mais ações correndo. Ao todo, Renan Santos tem 19 processos cíveis na Justiça de São Paulo.
Somando com mais uma ação na Justiça Federal de São Paulo, Renan responde por 65 acusações ao todo.
Seu irmão, Alexandre Henrique Ferreira dos Santos, responde sete ações e seis delas por dívidas. A irmã Stephanie Santos, que arrecada verba para o MBL em sua campanha de crowdfunding, responde por duas ações no valor de R$ 10 mil.
A família Santos possui 18 empresas e coleciona 118 processos em São Paulo. No Brasil todo, eles respondem a 125 ações judiciais.
De acordo com assessores de políticos na cidade de Vinhedo, os negócios da família são um esquema de lavagem de dinheiro que ajuda o MBL em suas ações, com a parceria de partidos que simpatizaram com o impeachment.
Os empreendimentos envolvem o pai, Mário Jorge Ferreira dos Santos, e a mãe, Suelli Liporacci Ferreira dos Santos, a Sussu.
As companhias que pertencem a eles são: Achei Lampadas Especiais e Comecio de Materiais Eletricos LTDA; Akkar Travel Agência de Viagens e Turismo LTDA; Carlo Montalto Indústria e Comércio LTDA; Company Trading Empreendimentos e Participações; Distribuidora Montalto LTDA; Esquadripar Fabricação e Comercialização de Esquadrias de Metais LTDA; Expanda Estamparia e Molas LTDA; Expandra Consultoria e Administração LTDA; Home Center Total Materiais para Construções LTDA; Irauna Comercio e Participações S/A; K&K Distribuidora de Metalurgia LTDA; Katana Indústria e Comércio de Máquinas e Peças LTDA; Martin Artefatos de Metais S/A; NCE Serviços de Filmagens LTDA; Portex Comércio de Esquadrilhas de Metal LTDA; Rainha da Praça – Panificadora e Restaurante LTDA; Risett Indústria e Comércio de Máquinas e Peças LTDA; Ronalcos Engenharia e Construtora Comercial LTDA.
As empresas são de áreas completamente diferentes, desde lâmpadas, engenharia e logística, até turismo, filmagens e estamparia. O capital dos empreendimentos somam R$ 5 milhões, mas as dívidas já ultrapassam seus possíveis ganhos.
Ou seja, muitos dos empreendimentos são de fachada. As ações judiciais apontam não pagamento de IPTU, ICMS e outros impostos.
Numa das ações, na 1º Vara de Trabalho de Jundiaí, Renan é processado junto com o pai por um terreno de mais de 15 mil metros da empresa Martin Artefatos de Metais, avaliado em R$ 13 milhões no dia 17 de março de 2014. Posto em leilão, a propriedade teve um lance mínimo de R$ 7,9 milhões, cerca de 60% do valor, mas ainda não foi finalizado.
Mário Jorge e Suelli Liporacci, pai e mãe de Renan, aparecem em uma ação de execução de dívidas de uma propriedade abandonada em São Paulo, no bairro de Interlagos, que teve lixo acumulado na porta.