Fanáticos de direita vão chiar? Educação sexual volta para o currículo escolar

A tendência é que os seguidores de Bolsonaro critiquem a inevitável e necessária medida

Atualizado em 30 de julho de 2023 às 17:57
Aula de educação sexual. Foto: Reprodução/ParanáPortal

O Ministério da Saúde anunciou nesta semana que educação sexual e reprodutiva volta a fazer parte do programa Saúde na Escola (PSE) na rede pública de ensino. É um tema que gera muita discussão, especialmente na atual conjuntura envolvendo fanáticos de extrema-direita e progressistas.

Especialistas da área da saúde, consultados pelo portal Metrópoles, garantem que uma educação sexual de qualidade é primordial, porque não se trata de uma “aula sobre como fazer sexo”, como muitas pessoas pensam.

“Sexualidade é estrutural, não se resume a apenas do comportamento sexual. Ela entra no vivenciar do ser humano nesse mundo, autoconhecimento sobre corpo, nomear sensações, colocar limites… Tudo isso é educação sexual. É muito importante e deveria ser priorizado se a gente quer um desenvolvimento mais saudável das crianças”, explica o terapeuta sexual André Almeida.

Conhecimento é munição contra abusos

A sexualidade ainda é um tabu na sociedade, mesmo entre a adultos. Por isso, quando há a intenção de discutir o assunto na infância e na adolescência, existe uma ideia distorcida de que a educação sexual exporia as crianças a situações para as quais elas não estariam preparadas.

André garante, ainda segundo o portal, que levar o assunto da forma correta para os jovens os mune de informação sobre comportamentos que podem ser classificados como abuso sexual.

“Educação sexual dá ferramentas importantes para a criança entender principalmente sobre o próprio corpo e limites de contato físico. O abuso, normalmente, não é algo que desperte uma dor física ou que vá machucar a criança. O abusador trata os atos como se fosse um carinho, uma brincadeira. Se o jovem não tiver uma boa educação sexual, só vai compreender muito mais para frente que foi abusado”, afirma.

Educação sexual nas escolas

Sobre a crença de que o tema só deve ser tratado em casa, no momento em que os pais acharem melhor, o psicólogo alerta para o fato de que a maioria dos casos de abuso acontecem dentro de casa, vindo de alguém de confiança, como os pais e tios.

Um levantamento do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos aponta que, dos mais de 18 mil registros de abuso infantil em 2021, em mais de 8 mil a vítima e o agressor moravam na mesma casa. Por isso, as crianças devem ter informações para se proteger.

Extrema-direita vai espernear?

Para o bolsonarismo, a discussão sobre educação sexual nas escolas é frequentemente vista com desconfiança e resistência.

Há uma ênfase na crença de que esse tipo de ensino pode incentivar comportamentos sexuais precoces e promíscuos entre os jovens, violando os valores tradicionais e religiosos.

Essa perspectiva reflete uma concepção conservadora da sociedade e enfatiza a família como instituição primordial responsável pela educação sexual dos jovens.

No campo progressista, a educação sexual nas escolas como uma ferramenta essencial para promover a saúde sexual e reprodutiva dos estudantes, bem como para combater estigmas, preconceitos e desinformação.

Essa abordagem enfatiza a importância de uma educação sexual abrangente, que inclua não apenas informações biológicas, mas também aspectos emocionais, afetivos, de gênero e orientação sexual. Os defensores dessa visão argumentam que o conhecimento sobre sexualidade deve ser oferecido de maneira responsável e acessível, levando em conta as diferentes realidades dos jovens e ajudando-os a desenvolver relações saudáveis e seguras.

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