Grifes associam seus nomes e produtos a figuras que criem conexões com a imagem que pretendem ter, certo? Não mais. Há muito tempo, no mundo virtual, marcas associam seus nomes a quem tem audiência, a qualquer custo.
Um caso exemplar recente. Um ex-policial militar se apresenta nas redes sociais como caçador de bandidos, repete o discurso bolsonarista do armamentismo e exalta a violência justiceira com a desculpa de que Deus está no comando.
Mas todo mundo sabe que ele é um farsante, como são farsantes como caçadores de bandidos os filhos de Bolsonaro aliados a milicianos.
Os que se esforçam para dizer que acreditam neles sabem que são farsantes. Pois esse sujeito, o vereador e youtuber Gabriel Monteiro, também dizia caçar corruptos, inclusive policiais.
Denunciava rolos existentes e imaginários, apontava onde estavam os bingos clandestinos (de inimigos dos amigos?) e se apresentava como um Batman do Rio. Monteiro gostaria de ser uma mistura de capitão Nascimento com Sergio Moro e virar um super-herói carioca.
O farsante mora numa mansão em condomínio de luxo na Barra da Tijuca, usa carros blindados, desfila com mulheres bonitas e se consagra como uma das celebridades nascidas nos subúrbios do Rio.
Até aí, nenhuma surpresa, no país em que o elogio da tortura rende milhões de votos. Mas o influencer (hoje sem partido) tinha seus vídeos patrocinados por grandes marcas, algumas de grifes mundiais.
O ex-policial que pregava a tática bolsonarista de enfrentamento da violência com armas e mais violência ganhava até R$ 400 mil por mês com anúncios da Amazon, Jeep, Buser, Nubank, Casas Bahia, Empiricus, Estácio Universidades e Boticário no seu canal no Youtube.
R$ 400 mil mensais para um cara que diz caçar bandidos, mas na verdade representava um dos tantos personagens do fascismo brasileiro.
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É uma das tantas versões reduzidas do que é Bolsonaro.
Os programadores de anúncios das marcas não sabiam quem era o youtuber? Todos sabiam, mas queriam audiência. A briga hoje é por audiência a qualquer custo.
Inclusive os seguidores sabiam que o sujeito era um impostor, pois impostores com boas performances prosperam no Brasil. Eles seguiam uma figura inventada, mas com todas as características do marginal-ostentação.
E agora descobriram que, além de farsante, ele estuprava adolescentes, dirigia vídeos com falsos enfrentamentos de bandidos, forçava assessores a fazerem sexo com ele, usava a estrutura da Câmara de Vereadores para espionar inimigos e tinha um arsenal em casa.
Vinícius Haiden Viteze, ex-assessor, já contou à polícia que equipes pagas pela Câmara eram acionadas para “encontrar algo que pudesse ser usado” contra secretários e até deputados.
Monteiro desfilava com camisetas com a cara de Bolsonaro, reproduzia as falas dos Bolsonaros e exaltava as ações de uma polícia que não existe, mas é criada pela extrema direita para enganar trouxas e moradores de uma cidade assustada.
Monteiro tem 6,9 milhões de seguidores no FaceBook, 6,2 milhões no YouTube, 5 milhões no TikTok, 4,5 milhões no Instagram, 380 mil no Twitter.
É um fenômeno do mundo virtual que transforma farsas em celebridades. É uma das tantas versões reduzidas do que é Bolsonaro.
Banqueiros, empresários, latifundiários, grandes marcas, grileiros, garimpeiros, todos misturados, também patrocinam Bolsonaro.
Patrocinam os filhos de Bolsonaro, o entorno de Bolsonaro e tudo o que ele representa. O farsante patrocinado por grandes marcas é parte da chinelagem do fascismo e será sacrificado.
Mas Bolsonaro, os filhos dele e os poderosos do seu entorno nunca serão enquadrados, não agora, não enquanto detiverem o poder.