“Ficou 30 dias chorando”, diz Lula sobre Bolsonaro em jantar com ministros do STJ

Atualizado em 18 de setembro de 2024 às 23:52
Lula com ministros do STJ, todos em pé, posando para foto lado a lado
Lula (PT) com ministros do STJ, em noite de jantar em Brasília – Reprodução

Em um jantar com ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), realizado nesta quarta-feira (18) na residência oficial da Granja do Torto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou seu compromisso com a independência do Judiciário. O petista fez questão de ressaltar que nunca pediu e nem pedirá favores aos integrantes da Corte, reforçando sua postura institucional. Dos 31 ministros do STJ, 23 compareceram ao evento.

Duas vagas abertas no STJ

Atualmente, duas cadeiras no STJ estão vagas. Em 16 de outubro, o tribunal votará em duas listas tríplices que serão enviadas ao presidente Lula, que terá a responsabilidade de escolher os dois novos ministros. Ao contrário das expectativas de alguns membros da Corte, o chefe do governo não fez nenhum pedido de apoio a qualquer um dos concorrentes.

Durante o encontro, segundo relato de pessoas presentes ouvidas pelo UOL, o mandatário afirmou: “Todos aqui que foram nomeados por mim sabem que nunca pedi nada a ninguém, nenhum favor. Minha preocupação é institucional, com a democracia e com o Judiciário”.

Possíveis indicados e movimentações políticas

Apesar de Lula não ter mencionado a disputa pelas vagas no STJ durante o jantar, interlocutores próximos indicam que o desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), é um dos favoritos do presidente.

Entretanto, segundo membros do tribunal, a articulação política para as indicações deve ficar a cargo de Jorge Messias, advogado-geral da União, e Marco Aurélio Santana Ribeiro, chefe de gabinete do petista. Além desses, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, também marcaram presença no jantar.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com cara de choro, perto de microfone, sem olhar para a câmera
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – Reprodução

Críticas ao governo Bolsonaro e defesa da democracia

Durante as conversas, Lula criticou a atuação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mencionando o risco à democracia representado pelos acampamentos em frente aos quartéis e relembrando a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023.

Ele destacou que, após perder eleições no passado, sempre ligou para o adversário para parabenizá-lo, ao contrário do político do Partido Liberal, que “ficou 30 dias chorando, viajou para Miami e deixou os golpistas aqui no Brasil”. Nenhum dos ministros presentes expressou discordância ou desconforto com as críticas.

Presenças e ausências notáveis

Entre os ministros que demonstraram maior proximidade com o presidente estavam Herman Benjamin, atual presidente do STJ, Antonio Carlos Ferreira e Luís Felipe Salomão. Já a ex-presidente do STJ, Maria Thereza de Assis Moura, não compareceu, uma ausência notável já que ela deixou o cargo no início do mês.

A presença do ministro Raul Araújo surpreendeu alguns dos convidados. Durante a campanha eleitoral de 2022, Araújo concedeu uma liminar, enquanto atuava no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que proibia manifestações de apoio a Lula no festival Lollapalooza.

Um jantar descontraído

O jantar teve início às 19h e terminou por volta das 22h, com um clima de descontração. Os convidados foram orientados a deixarem os celulares desligados na entrada, e ao final, receberam uma fotografia tirada no evento. Alguns formaram fila para pedir autógrafos ao presidente. Segundo um dos presentes, “foi uma noite alegre, sem assuntos espinhosos”.