Rodolfo Abrantes, conhecido por sua carreira na banda Raimundos e atualmente pastor e ministro evangélico, tornou-se o centro das atenções nesta quinta-feira (23) ao denunciar abusos psicológicos que teria sofrido na igreja Bola de Neve, em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Em 2019, ele chamou a atenção da mídia ao elogiar Jair Bolsonaro (PL), a quem via como “paizão”.
O músico, que integrou o grupo desde sua fundação em 1994 até sua saída, em 2001, após se converter ao Evangelho, lançou o grupo Rodox, encerrado em 2004, e segue carreira solo desde 2006. No Raimundos, ficou famoso por músicas como “Puteiro em João Pessoa” e “Me Lambe”, que contava a história de um pedido de sexo oral a uma menina de 12 anos.
O artista e sua esposa, Alexandra Abrantes, têm se manifestado nas redes sociais sobre as experiências traumáticas que teriam vivido na igreja. Bloqueada pelas redes sociais do ministério, ela expressou sua frustração: “Que vergonha dessa Bola de Neve. Queria poder mencionar o @, mas estou bloqueada. Talvez esteja bloqueada para não expor (mais ainda) os abusos e manipulações que sofri quando era ‘membra’”.
Alexandra também criticou a postura de uma das líderes do ministério nos comentários de um outro perfil: “Pastora só por título, pois nunca cuidou de ninguém a não ser de si mesma. As feridas não foram só em mim. Se tem uma coisa que eu me arrependo nessa vida, foi ter sido ‘parte’ da Bola de Neve Balneário Camboriú”.
Na noite de quarta-feira (22), Rodolfo Abrantes utilizou seu Instagram para desabafar sobre os abusos psicológicos sofridos: “Não cabe a mim julgar ações e atitudes de gente que não me diz respeito porque eu e minha esposa nos desligamos desse ministério em 2011. Escolhi não falar nada naquela época com a preocupação de não arrastar pessoas para fora de igreja e de não ser acusado de mais coisas do que eu fui”.
Ele detalhou as acusações injustas que enfrentou: “Eu e minha esposa fomos taxados de irresponsáveis, minha esposa foi chamada de Jezabel, eu fui chamado até de caloteiro. Me acusaram de ter uma dívida com o selo Bola Music, o que, no final de 2022, foi feita uma prestação de contas e eu não devia absolutamente nada”.
Rodolfo afirmou que não entraria no mérito das denúncias de desvios de verbas que surgiram contra os pastores locais: “Mas o que eu quero dizer não se refere às acusações que têm vindo à tona, questões envolvendo fraudes e outras coisas que não me dizem respeito e eu não tenho conhecimento, prova, nem base nem capacidade pra ficar acusando ninguém”.
Ele ainda destacou o impacto emocional que ele e sua esposa sofreram: “O que estou aqui pra dizer é que estou com a minha esposa, vi o sofrimento dela, vi o quanto ela sofreu de abusos emocionais naquele ministério. Nós sofremos demais como família, nosso casamento foi abalado naquela época e nós sobrevivemos. Estamos firmes, mas carregamos cicatrizes de feridas que demoram muito pra curar”.
“Nós não somos fundadores da Bola de Neve, nunca fomos pastores da Bola de Neve. Nós fomos membros daquela igreja e tentamos cooperar da melhor forma possível. Mas, sim, sofremos muitos abusos emocionais. Creio que por muito do despreparo dos pastores. Estou aqui pra dizer pra vocês que não temos relação nenhuma com a Bola de Neve de Balneário Camboriú e que, sim, estamos nos curando, estamos firmes”, esclareceu.
Finalizando seu desabafo, o ex-Raimundos expressou esperança na justiça e cura: “Já passou muito tempo, mas essas feridas demoram demais pra cicatrizar. Oro pra que a Justiça seja feita, que vidas sejam salvas. Igreja é um ambiente em que pessoas chegam machucadas e saem dali curadas, e não mais machucadas ainda”.
Em 2019, em participação no canal do YouTube da Igreja Abundante Vida London, Rodolfo Abrantes teceu elogios ao então presidente Jair Bolsonaro: “Você pega uma casa abandonada na mão de bandidos e deixa assim por longos e longos anos? Tem muita coisa pra você consertar. Então, você assume a direção dessa casa e não é de uma hora pra outra que ela vai ficar linda. Tem muito trabalho. Eu não me admiro nada se esse novo governo levar os quatro anos que tem só pra começar a desfazer a bagunça que foi feita”.
“Não o conheço pessoalmente, mas sei de muitas pessoas que conhecem e dizem que ele é um cara extremamente simples, acessível e que você não tem surpresa com ele. Então é assim, aquela figura do paizão. Aquele cara que é meio xucro, grosso, mas é aquilo ali. Então, tenho bons olhos”, acrescentou.
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