Jovem, saudável, sem doenças pulmonares, atividade física e vitamina D em dias: Flavia Pavanelli, a atriz e influenciadora que foi parar nos tranding topics depois de testar positivo para a COVID 19, definitivamente não está em um grupo de risco – um verdadeiro histórico de atleta.
Ela contou, alarmada, aos seguidores do Instagram, que “pensou que fosse só uma crisezinha alérgica, nada demais.”: “Acordei cedo, tomei meu café, achei estranho que eu não sentia nem o gosto nem o cheiro de nada. Mandei uma mensagem pra minha médica, ela pediu para que eu fizesse o exame e infelizmente testei positivo para o Covid”, disse nos vídeos em que chamava atenção para a seriedade do momento.
A atriz, que ficou famosa depois de interpretar uma vilã em uma novela do SBT, disse nos vídeos que já estava em isolamento. Para a turma da gripezinha – crisezinha is the new gripezinha – ela deveria estar na rua, trabalhando, porque o país não pode parar, porque “o vírus não pega em gente saudável, só vai matar os velhinhos”.
“Vamos isolar os nossos velhinhos”, é, aliás, de longe uma das frases mais proferidas pelos irresponsáveis anti-OMS, mas foi uma jovem influenciadora fitness quem acordou sem olfato e paladar antes de testar positivo.
Só não vê quem não quer: um vírus não escolhe faixa etária. É claro que há os grupos que correm mais riscos, as diferentes maneiras com que cada organismo responde ao contágio, mas uma coisa é fato: ninguém deveria querer viver como se não houvesse uma pandemia, ou como se isso não fosse verdadeiramente um risco coletivo.
Os velhinhos – pra quem a galera do isolamento vertical parece realmente não dar a mínima – são os mais afetados, assim como as pessoas com doenças pulmonares, mas os riscos – ao contrário dos respiradores e EPIs – existem para todos. A diferença é que uma influenciadora infectada “manda uma mensagem pro seu médico”. Você morre na fila. O vírus não escolhe quem vai infectar, mas o sistema escolhe quem vive e quem morre.
“Só vai morrer velhinho”, ou, em leitura menos romântica, “os velhinhos que morram!” é um péssimo argumento por muitas razões, e a mais óbvia é esta: trata-se de uma mentira deslavada. E, do jeito que a crise anda no Brasil, dentro em breve todos saberão, da pior forma possível, porque temos chamado o discurso anti-isolamento de genocida.