Foco é buscar vítimas, mas não dá para esconder omissão no RS. Por Leonardo Sakamoto

Atualizado em 8 de maio de 2024 às 7:55
Ruas alagadas em São Sebastião do Caí (RS), nesta terça-feira (7). — Foto: Carlos Macedo/AP

Por Leonardo Sakamoto

Neste momento, a prioridade é atender e resgatar as vítimas da tragédia em Porto Alegre e no interior do Rio Grande do Sul. Isso não significa, porém, que enquanto equipes buscam sobreviventes, o país não possa procurar as causas do caos e seus responsáveis. Não apenas pode, como deve, uma vez que a indignação coletiva tende a diminuir quando a água baixar, até que outra tragédia ocupe o centro do noticiário nacional.

É, agora, portanto, que temos uma janela de oportunidade para que os poderes públicos municipais, estaduais e federais sejam constrangidos a lidar com o tema de forma preventiva e não paliativa, adotando políticas a fim de evitar que novos desastres assolem esta e as próximas gerações. Porque, de naturais, eles não têm nada. Foram anabolizados pela inação ou a sabotagem de sucessivos governos.

Nos últimos dias, ouvi políticos dizerem repetidamente que não é a hora de apontar responsáveis ou discutir as causas pelas inundações que tiraram mais de 90 vidas, sumiram com outra centena, desabrigaram milhares e atingiram milhões. O problema é que, como na peça de Samuel Beckett, estamos eternamente esperando o momento certo, mas ele nunca é autorizado.

O problema é que, diante de silêncio em silêncio, governantes continuam gastando mais em propaganda masturbatória do que na adaptação das cidades para eventos extremos.

Em 2022, 242 morreram em Petrópolis (RJ) com as chuvas. No ano seguinte, 64 perderam a vida em São Sebastião (SP). A lista de catástrofes que esquecemos é longa. Pelo alcance e a gravidade, a do Rio Grande do Sul deveria servir como ponto de inflexão nas políticas de adaptacão climática.

Voluntários auxiliam equipes de resgate no RS. (Foto: Reprodução)

Infelizmente, não são poucos os que contam com o fato de a memória do eleitorado secar até as eleições.

Enquanto coordenam medidas para mitigar a loucura instalada, políticos precisam sim dar satisfação sobre o que fizeram ou deixaram de fazer. E não atacar a imprensa que está cobrando informações. Se não conseguem agir de forma transparente, estão no emprego errado.

Originalmente publicado no Uol

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