Folha esquece Pablo Marçal para voltar a atacar Alexandre de Moraes. Por Moisés Mendes

Atualizado em 21 de agosto de 2024 às 20:54
Pablo Marçal de roupa azul escura gritando e apontando pra frente
Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo – Reprodução

A pauta que deve mobilizar o jornalismo no momento – o tamanho da bandidagem de Pablo Marçal – já vem sendo tocada por Globo e Estadão, enquanto a Folha se dedica a outras tarefas determinadas pela Gangue do Santo Rito, comandada por Glenn Greenwald.

Nessa quarta-feira, as diferenças eram evidentes. O Globo estampava a seguinte chamada na capa:

“Marçal se ofereceu para enviar e-mails de grupo que aplicava golpes bancários; ouça áudio”

A manchete do Brasil 247 informava:

“Articuladores do partido de Marçal estão sendo investigados por ligação com o tráfico de cocaína”

Era a mesma manchete do DCM:

“Aliados de Marçal são investigados por esquema de tráfico com o PCC”

E a Folha vinha com essa manchete, retomando a publicação de reportagens contra o Supremo:

“Processo sigiloso revela erros e contradições de Moraes em uso de órgão do TSE”

Glenn Greenwald e Fabio Serapião apontam falhas na condução de sindicâncias sobre um bolsonarista do terceiro time, o ex-deputado Homero Marchese, que atacava ministros do Supremo.

É intrigante que até agora, uma semana depois da publicação da primeira manchete sobre o não cumprimento de ‘ritos’ por Moraes, só tenham aparecido bagres, como esse Marchese e Allan dos Santos, e nenhum peixão como ‘vítima’ do ministro.

Mesmo que a Gangue do Santo Rito tenha seis gigabytes de arquivos vazados para atacar Moraes e acabar com o inquérito das fake news, não surgem nomes de expressão nos vazamentos.

Como parte da mesma tática de defesa da extrema direita, a Folha tinha na capa, nessa quarta-feira, mais essa chamada calhorda:

“Datafolha: menções a impeachment de Moraes após mensagens reveladas batem recorde em 1 ano”

É mais um apito de cachorro para que o bolsonarismo se dedique à ideia do impeachment. E os crimes de Pablo Marçal? Essa não é uma pauta de interesse da Folha.

As notícias sobre o sujeito estão escondidas nos cantinhos do jornal, onde a prioridade são as manchetes da Gangue do Santo Rito. A Folha está sob o controle de Glenn Greenwald.

PESQUISA

Nessa quinta-feira, o Datafolha divulga mais uma pesquisa sobre a eleição em São Paulo. No último levantamento, de 8 de agosto, Nunes tinha 23%, Boulos 22%, Marçal 14%, Datena 14%, Tabata 7% e Marina Helena (do partido Novo) 4%.

Se Marçal encostar em Nunes, o bolsonarismo entrará em pânico. Porque Marçal, e nunca Ricardo Nunes, é a ameaça real a Bolsonaro como alternativa de liderança na extrema direita.

Marçal, se crescer nas pesquisasse e ameaçar tirar Nunes do segundo turno, pode abalar as bases do bolsonarismo, porque é fascista, mas não é da turma.

Tanto que nessa quarta-feira Eduardo Bolsonaro atacou Marçal e seus líderes do PRTB, porque gente do partido teria relação com o PCC e o tráfico de drogas.

Leiam o que Dudu escreveu, para desqualificar Marçal: “Muita gente reclama do PL, mas todo partido tem os seus problemas. E graças a Deus o do PL não é por envolvimento com droga ou PCC”.

Bolsonaro, os filhos e asseclas estão apavorados com a possibilidade de Marçal virar uma voz forte da extrema direita nacional, e não só paulistana, à margem do inelegível, principalmente entre os jovens.

Publicado originalmente no Blog do Moisés Mendes