Folha foi guri de recados dos militares para emparedar Alexandre de Moraes. Por Moisés Mendes 

Atualizado em 13 de setembro de 2022 às 12:16
Folha de S. Paulo – Foto: Reprodução

Por Moisés Mendes 

A Folha de S. Paulo embarcou numa fria ao tentar ser mensageira de recados de militares que ainda tentam desqualificar a eleição. O jornal se quebrou ao fazer assessoria para a turma que dá suporte aos blefes de Bolsonaro.

Está cada vez mais evidente que a Folha foi usada pelos militares que tentaram plantar ontem uma ‘notícia’ produzida para desmoralizar Alexandre de Moraes.

A informação, estampada em manchete na edição impressa e desde manhã cedo na versão online, dizia que o TSE havia cedido às pressões das Forças Armadas, para que o Exército fizesse uma apuração paralela da eleição.

A Folha (e aqui não precisamos dar nomes, porque não é esse o caso) se prestou a um serviço que só conturba ainda mais a tentativa de afronta dos militares às instituições e em especial ao ministro presidente do TSE.

O recado era óbvio: noticiem que conseguimos dobrar Moraes e que haverá, sim, como Bolsonaro deseja, apuração paralela, a partir de dados dos boletins de 385 urnas eleitorais.

Os dados seriam recolhidos direto dos boletins de urnas e totalizados pelo Exército. E depois seriam confrontados com os resultados do TSE.

A intenção oculta parece ser óbvia: a partir da amostragem, tentar chegar às laranjas podres. E denunciar que, se há problemas, o cesto todo pode estar contaminado.

O TSE desmentiu a manchete. Os militares poderão pegar dados que chegam ao TSE, como qualquer cidadão pode fazer, mas sem ter “acesso diferenciado”, como dizia a Folha, a boletins de urnas na origem, lá nas seções eleitorais.

Que acesso diferenciado? A Folha não esclarece qual seria o sentido dessa diferença?

A Folha insistiu que tinha a informação certa, de acordo com a versão das suas fontes ocultas, até o final da tarde de ontem, enquanto ignorava a nota oficial do TSE e mantinha o “furo” que seria, na verdade, uma enorme barrigada.

O que resta é o que existe desde o começo do imbróglio criado por Bolsonaro. O Exército deverá fazer, a seu modo, uma apuração que será confrontada com a oficial, para agradar Bolsonaro.

Mas Folha poderia admitir que forçou a barra ao embarcar na informação de que os militares haviam vencido Alexandre de Moraes.

Fica uma pergunta incômoda para um jornal que defende a transparência no setor público, mas vacila quando essa é cobrada da área privada.

Foi o setor público da área militar que passou a informação furada ao jornal, com fonte oculta, o que não é necessariamente um problema, porque o jornalismo se abastece também de informações com fontes protegidas.

O problema é que o TSE emitiu a nota com o desmentido. Entre a nota oficial, com o carimbo de uma instituição, e a notícia furada que tentava emparedar o TSE, a Folha ficou com a sua notícia. Ruim para a Folha e para o jornalismo nesses tempos de fake news.

VIZINHA

E tem gente se queixando da vizinhança. Cristina Kirchner tem como vizinha, no apartamento que fica acima do seu, no bairro da Recoleta, uma pessoa que acolhe extremistas de direita para reuniões.

O jornal Página 12 mostra hoje quem são as figuras e estabelece relações dos filhos dessa vizinha com os filhos do promotor antikirchnerista Carlos Stornelli.

CONVERSA NO CLUBE DE CULTURA

Juremir Machado da Silva e eu já participamos de muitos eventos juntos, e um dia faremos uma dupla, não sertaneja, mas fronteiriça.

Por enquanto, vamos conversando, como faremos nesta terça-feira a partir das 19h, no Clube de Cultura (Ramiro Barcellos, 1853).

Vamos falar de jornalismo, democracia e esperança, com mediação da jornalista Clarissa Berry Veiga.

Juremir e eu trabalhamos nas mesmas empresas. Ele trabalhou na Zero e depois foi para a Caldas Júnior. Eu trabalhei na Caldas e depois fui para a Zero, onde fomos colegas.

Fomos expelidos das redações pelas forças da extrema direita e aqui estamos.

Apareçam no Clube de Cultura e depois vamos ver a escritora e artista plástica Graça Craidy no Sarau Elétrico, porque o nosso evento começa duas horas antes da prosa no Ocidente.

Publicado originalmente em Blog do Moisés Mendes

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