Por Fernando Brito
A pusilanimidade da mídia brasileira é monumental.
O sr. André Valadão, da Igreja da Lagoinha, em Belo Horizonte – como muitos já sabem – fez uma gravação dizendo que tinha sido “intimado” pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, e fazendo, com ar cínico, um “desmentido” sobre as acusações que ele próprio repete, quase todo dia, de que Lula vai fechar igrejas, proteger os bandidos e a série de barbaridades que, infelizmente, são corriqueiras.
“Dias atrás recebi em minha residência uma intimação do TSE, através do senhor Alexandre de Moraes, e venho me declarar a partir dessa intimação”.
Valadão não recebeu intimação alguma, menos ainda para se retratar.
É tão falso que ele finge estar lendo um texto que teria recebido da Justiça, o que também não existiu.
Foi, apenas, cientificado que se pretendia um pedido para responder afirmações que fez. Nem mesmo havia sido aceita a ação.
Mentiu, portanto, a seus fiéis. Porque, na língua portuguesa, falar algo que não é verdade chama-se mentir.
E o que faz, diante disso, a Folha de S.Paulo? Diz que Valadão mentiu ao dizer que tinha sido intimado?
Não, escreve que Pastor André Valadão ‘se antecipa’ ao TSE e faz retratação a Lula.
Ou seja, assume como sua a versão do mentiroso, dizendo que mentiu para que a queixa – e nem sequer aceita ainda – feita contra ele “perdesse o objeto”.
Prestou falso testemunho religioso – violando mandamento – e, considerando que alega que a intenção era provocar a “perda de objeto” jurídica, também perante o Código Penal, cujo art. 342 prevê o crime de falso testemunho a quem mentir ou deixar de falar a verdade em processos judiciais.
Agiu como um malandro desclassificado, inventou uma intimação e debochou da Justiça a maquinar um “teatrinho” cínico para iludir as pessoas de boa-fé.
Mas a Folha passa-lhe “pano” e ainda se serve da “reportagem” para reproduzir vídeos de Valadão com mentiras deslavadas sobre fechamento de igrejas que jamais existiram e, de quebra, acusando Lula de querer tirar a educação das crianças de suas famílias.
Não existe “equilíbrio jornalístico” entre a verdade e uma enganação factualmente comprovada. Não existe “equivalência” entre a realidade e a mentira. Não existe repetição, sem julgamento ético, entre fatos e fake news.
O nome disso é cumplicidade e a Folha, assim, faz como Valadão: mente a seus leitores.
Publicado originalmente em Tijolaço