A Folha de S.Paulo pediu para candidatos de um processo seletivo para jornalistas na área de saúde uma redação favorável ao projeto de lei que equipara o aborto após a 22ª semana de gestação a homicídio, conhecido como “PL do Estupro”. Segundo a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), a prova do jornal pede “um texto opinativo defendendo” o projeto.
O processo seletivo da Folha trazia a seguinte questão aos candidatos, de acordo com a federação: “Imagine que você seja a favor do PL Antiaborto por Estupro. Escreva um texto opinativo defendendo a sua posição. Coloque um título. Tamanho: até 2.500 caracteres, contando espaços”.
O projeto teve seu caráter de urgência aprovado no último mês pela Câmara dos Deputados e causou protestos, o que acabou adiando a votação final do texto. Em nota, a Comissão de Mulheres da Fenaj repudiou a questão no processo seletivo e perguntou: “Por que um dos maiores jornais do país quer argumentos a favor do PL do Estupro?”.
Leia a nota na íntegra:
Chegou ao conhecimento da Comissão de Mulheres da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) na quinta-feira (4/07) que, em processo seletivo para a contratação de jornalista na área de saúde, o jornal Folha de S.Paulo apresentou a seguinte questão discursiva aos candidatos e candidatas: “Imagine que você seja a favor do PL Antiaborto por Estupro. Escreva um texto opinativo defendendo a sua posição. Coloque um título. Tamanho: até 2.500 caracteres, contando espaços.”
Assim como a jornalista que tornou pública a questão, esta Comissão mostra-se indignada que um dos maiores jornais do país trate como questão de opinião um projeto de lei claramente misógino, que regride em direitos adquiridos pelas brasileiras desde 1940 e coloca em risco a vida de meninas e mulheres, revitimizando-as em casos de estupro.
Afinal, por que o referido jornal quer coletar argumentos a favor do PL do Estupro, ou da Gravidez Infantil, como vem sendo chamado, corretamente, pelos movimentos sociais contrários ao texto?
Em uma sociedade patriarcal e machista, afetada pela desinformação, o jornalismo precisa compreender sua responsabilidade em afetar posicionamentos e vidas. Tratar como “opinião” um tema de saúde pública não contribui para um debate saudável, pautado no respeito às mulheres e avanço nos direitos.
Deixamos aqui nosso repúdio à questão como foi posta e pedimos seriedade no trato dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.
Brasília, 9 de julho de 2024.
Comissão de Mulheres da FENAJ
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