Não é apenas equivocada, é quase uma fake news a longa reportagem de domingo em que a Folha tentou puxar Eduardo Leite para o centro, ao citá-lo entre os candidatos ao espólio de Bolsonaro.
A chamada da Folha informa:
“Eduardo Leite aposta em ritmo diferente de Zema e Tarcísio em especulações sobre 2026. Gaúcho insiste em moderação enquanto outros presidenciáveis tropeçam em polêmicas e crises”.
Joelmir Tavares e Carolina Linhares assinam a matéria. Cometem o erro grave de tentar definir Leite como candidato centrista, moderado e diferente.
Leite é um tucano da direita do partido que preside, talvez à direita até de Aécio de Neves. Não há nada que o coloque ao centro, em nenhuma área.
Leite tem conexõe e afinidades com a extrema direita. Recebeu de Bolsonaro e ofereceu nos postos de saúde do Estado a cloroquina e o kit Covid, quando já eram rejeitados pela ciência e por outros governadores.
É privativista e vendeu até a Corsan, a companhia de água e saneamento do Estado, subavaliada e para uma única empresa candidata, num imbróglio que pode virar caso de polícia
Retira direitos de servidores. Não tem nenhuma iniciativa na área das liberdades e da diversidade (nem mesmo da afirmação de negros) que possa ser destacada.
É amigo do comando do MBL e participa dos seus congressos. Estruturou seu primeiro governo com pelo menos um terço de secretários de direita e extrema direita. E não dialoga com as esquerdas.
Não há posições públicas progressistas de Leite em relação a nada que esteja em debate e que seja considerado controverso, porque ele foge de questões que os desmascarem.
Mas disse ao ser questionado em programa de TV, na campanha do ano passado, mesmo que tenha gaguejado muito, que é contrário ao aborto e à legalização da maconha.
A própria Folha, em manchete de 24 de junho desse ano, ao especular sobre candidatos de direita ao espólio de Bolsonaro, colocou Leite ao lado dos bolsonaristas Romeu Zema, Ratinho Júnior e Tarcísio de Freitas.
No dia 11 de agosto, o Globo abordou as ausências no lançamento do novo PAC, no Rio, e pôs Leite na mesma turma, com a seguinte manchete:
“De Tarcísio a Eduardo Leite, governadores de direita não estarão em evento de Lula hoje no Rio”
Leite está entre os governadores de direita porque é de direita, como Folha e Globo já haviam informado antes da estranha reportagem desse domingo na Folha.
A reportagem da Folha parece atender a uma encomenda para que Leite seja posto onde acha que deve estar, ao centro da política, quando é um reacionário de primeira grandeza na política, na economia e nos costumes.
Leite é bom de conversa como tucano fofo e assim tenta enrolar os que não o conhecem ou fingem não conhecer, incluindo repórteres ingênuos.
É ruim para o jornalismo. Porque todo jornalista deve saber que o moço foi bolsonarista assumido quando se elegeu governador em 2018.
E desde então, equilibrado no muro do tucanismo, passou a ser um bolsonarista envergonhado. A única coisa que, na cabeça de Leite, está de fato ao centro é o nariz.
Originalmente publicado no Blog do Moisés Mendes
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