O ex-policial militar Ronnie Lessa, preso após confessar ter assassinado Marielle Franco, contou como foi o atentado contra a vereadora. Ele relatou, de forma natural e fria, como atirou contra a vítima durante o julgamento do caso, que começou nesta quarta (30) e prossegue nesta quinta (31).

Questionado pela assistência da acusação se focou na cabeça da vereadora ao efetuar os disparos, ele respondeu: “Foquei”. Ele ainda disse que pensou em matar Marielle quando ela saísse de um evento na Lapa, na região central do Rio, mas lembrou que havia um prédio da Polícia Civil nas proximidades.

“Já era uma afronta, porque era uma vereadora em exercício. Fazer perto do pátio da Polícia Civil seria uma afronta maior ainda”, prosseguiu. Ele ainda narrou que precisou esperar Marielle sair do evento em que estava e perseguir o carro, se queixando de que Anderson Gomes, o motorista da vereadora, “dirigia muito rápido”.

“O Élcio quase os perdeu. Parecia uma perseguição. Quando eles pararam no sinal vermelho, o Élcio emparelhou o carro, e eu fiz os disparos”, contou.

A defesa do ex-PM tenta livrá-lo da acusação de um dos homicídios e da tentativa de homicídio. Por isso, durante o depoimento, ele afirmou que a morte de Anderson não deveria ter acontecido e foi causada por munição inadequada. “Tentei concentrar ao máximo no alvo, que era a Marielle. Mas sabia que a arma não era adequada para isso. Se fosse um revólver, só a vereadora teria morrido”, alegou.

Lessa ainda afirmou que recebeu uma proposta para matar Marcelo Freixo, então deputado estadual no Rio de Janeiro, em 2016 e diz ter considerado a ideia “inviável”. Quando o nome de Marielle foi apresentado, a condição era que o crime não ocorresse perto da Câmara Municipal, o que atrasou a execução.

O assassino terminou seu depoimento pedindo desculpas aos parentes de Marielle e Anderson. “Eu preciso pedir perdão a essas famílias. Perdi meu pai recentemente e já foi péssimo. Perder um filho deve ser a coisa mais triste do mundo, um marido. Infelizmente, não podemos voltar no tempo. Tirei um peso confessando o crime. Tenho certeza que a Justiça será feita, inclusive no STF”, concluiu.

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