Fotógrafo negro sofre ataques racistas no estádio do Athletico-PR

Atualizado em 4 de julho de 2024 às 14:41
Torcedores do Athletico-PR fazendo gestos racistas para torcida adversária

O racismo no futebol brasileiro segue sendo uma instituição forte e sem nenhum repúdio sério por parte das autoridades. A vítima da vez foi um jornalista e fotógrafo durante a partida entre Athletico Paranaense e São Paulo, realizada na noite desta quarta (3), na Ligga Arena, estádio do clube de Curitiba.

Luís Pacca, estudante de jornalismo de São Paulo e fotógrafo contratado por uma agência paulista, estava trabalhando na partida, vencida pelo Tricolor por 2 a 1. Em publicação nas redes sociais, ele relatou: “Fui vítima de ataques racistas na Ligga Arena. Muita gente viu, entre seguranças privadas e polícia militar, ninguém fez nada”.

O jornalista afirmou que chorou durante os ataques racistas com muita revolta, mas conseguiu manter seu trabalho até o fim da partida. Ele também relatou que a Polícia Militar do Estado do Paraná e os seguranças contratados pelo Athletico não fizeram nada em relação às ofensas cometidas por torcedores do Furacão.

Infelizmente, casos de racismo já são recorrentes no estádio do Athletico. Só para ficar nos casos mais recentes, em outra partida do time contra o São Paulo, em 2022, o clube paulista divulgou uma nota relatando que um funcionário havia sido chamado de “macaco” pela torcida paranaense. Na mesma partida, um torcedor da equipe curitibana foi flagrado por uma câmera fazendo gestos de macaco em direção à torcida adversária.

Já no ano seguinte, em partida do Athletico contra o Flamengo, novamente torcedores do clube da casa foram flagrados cometendo gestos racistas contra os torcedores visitantes. Um dos racistas foi identificado e está respondendo um processo criminal. O clube, na época, disse que ele não fazia parte do quadro de associados.

Devemos lembrar que o presidente do Athletico, Mario Celso Petraglia, é um bolsonarista convicto e dos mais efusivos. Durante a campanha presidencial de 2018, ele obrigou os jogadores do clube a entrarem em campo com uma camiseta que indicava o apoio do clube a Bolsonaro. Na época, ele foi denunciado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), mas não foi punido.

Jogadores do Athletico com camiseta pró-Bolsonaro em 2022

Em março deste ano, Petraglia deu uma chance ao técnico Cuca, condenado por estupro de uma menor de idade na Suíça em 1987, para treinar a equipe. Depois de quatro meses, ele deixou o comando da equipe após o empate em 1 a 1 contra o Corinthians, em 23 de junho.