Começa nesta terça-feira (18/4), nos Estados Unidos, o julgamento do processo de difamação movido pela empresa Dominion Voting Systems contra a emissora de direita Fox News. A ação vai julgar se o canal transmitiu notícias falsas sobre a empresa que fabrica urnas eletrônicas que foram utilizadas durante as eleições de 2020.
A narrativa de “fraude” nas urnas, que supostamente teriam beneficiado Joe Biden — que foi eleito presidente ao derrotar o então mandatário, Donald Trump —, pode custar mais de US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 8,3 bilhões).
O julgamento estava marcado para segunda (17/4), mas foi adiado para terça, segundo informações do jornal O Globo. O adiamento teria relação com a possibilidade de uma acordo entre as partes, o que poderia preservar o magnata das comunicações, Rupert Murdoch, dono da Fox News, de prestar depoimento.
Outro ponto sensível seria um depoimento do apresentador Tucker Carlson, ícone da extrema direita norte-americana. Segundo o jornal, documentos judiciais acoplados ao processo mostram que Murdoch e Carlson escolheram publicar notícias e comentários com ataques às urnas e ao processo eleitoral de forma consciente, para agradar a audiência que simpatiza com Trump.
A emissora se resguarda afirmando que está amparada pela liberdade de expressão. O juiz responsável pelo caso, Eric Davis, de Delaware, no entanto, já afirmou que há limites na Primeira Emenda (lei norte-americana que protege a liberdade de expressão) e que a Fox News não pode se utilizar deste argumento porque as informações publicadas eram falsas.
A Dominion, que ajuizou a ação, afirmou em comunicado que o valor de indenização excede US$ 1,6 bilhão e que as informações mentirosas publicadas pela Fox News teriam prejudicado o negócio, que antes era “uma das empresas de tecnologia de mais rápido crescimento na América do Norte”.
Ainda segundo o jornal, apesar do pedido de indenização, os valores e a dimensão dos danos que teriam sido causados pela emissora ficarão a cargo do júri.