Frederick Wassef: PF desmente depoimento do advogado de Bolsonaro

Atualizado em 8 de julho de 2024 às 20:31
Frederick Wassef em pé, de perfil, e Jair Bolsonaro sentado, olhando para o lado
O advogado Frederick Wassef e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – Reprodução

A Polícia Federal (PF) desmentiu o depoimento do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, ao afirmar que ele viajou urgentemente aos Estados Unidos para recomprar um relógio Rolex presenteado pelo governo saudita ao governo brasileiro. Em depoimento, ele havia declarado que a viagem era de turismo e estava programada. Documentos da investigação foram divulgados nesta segunda-feira (8).

Contexto da Investigação

Em março do ano passado, o círculo próximo de Jair Bolsonaro (PL) estava preocupado com uma decisão iminente do Tribunal de Contas da União (TCU) que ordenaria a devolução dos presentes à União. Esses presentes, incluindo joias e relógios de luxo, foram dados ao governo brasileiro pelo governo saudita durante uma viagem oficial do então mandatário. Na semana passada, a PF indiciou Bolsonaro, Wassef e mais dez pessoas pelo desvio de joias do acervo presidencial.

Provas e Depoimentos

Mensagens de celular de Wassef mostram sua pressa para viajar aos Estados Unidos. Às 22h30 do dia 9 de março de 2023, o advogado solicitou a uma agente de viagens uma cotação de passagens para dali a dois dias. O custo da viagem de ida e volta entre Campinas e Flórida foi cotado em R$ 25 mil para ele e sua namorada, ou cerca de R$ 12,5 mil por pessoa. “Só não pode ter furo. É urgente a situação”, escreveu, segundo o Metrópoles.

Contradições no Depoimento

Em agosto do ano passado, Frederick Wassef deu uma versão diferente à Polícia Federal, admitindo a compra do relógio com dinheiro vivo. Ele alegou que a viagem aos Estados Unidos já estava agendada e seria de turismo, com o objetivo de reencontrar amigos e visitar parques.

Frederick Wassef sério, olhando para a câmera
O advogado Frederick Wassef – Reprodução

Segundo seu depoimento, o advogado recebeu ligações de Fabio Wajngarten, auxiliar de Jair Bolsonaro, pedindo um “favor pessoal” para recomprar o relógio Rolex vendido irregularmente.

Ação da Polícia Federal

A PF afirmou que os fatos enfraquecem a versão de Frederick Wassef e indicou que, ao comprar a viagem às pressas, o entorno de Bolsonaro já estava envolvido em uma “intensa movimentação, com trocas de mensagens e ligações diárias, para planejar e executar a operação clandestina de recompra e recuperação das joias que compunham o kit ouro branco e ouro rose”.

Declaração de Frederick Wassef

Em nota, Frederick Wassef declarou: “Estive nos Estados Unidos a passeio e a negócios. Fiquei no país por quase um mês, onde me reuni com diferentes clientes, entre eles, Jair Bolsonaro. No período, também visitei locais turísticos em Nova York, Orlando e Miami, como mostram fotos e vídeos registrados por mim e que estão em posse da Polícia Federal”.

“Sobre as videochamadas que a PF alega ter em meu celular com Jair Bolsonaro, é normal, visto que sou advogado dele e sempre falamos com frequência. Estão distorcendo as informações e tirando do contexto para me prejudicar”, alegou o advogado.

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