O jornalista Moisés Mendes fez uma reflexão sobre a questão da frente ampla. No contexto brasileiro e no internacional. Escreveu sobre isso em seu blog.
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Frente ampla até onde?
Os uruguaios, envolvidos hoje com a eleição dos novos dirigentes da Frente Ampla, dedicam-se a um debate que se repete no Brasil, mesmo que aqui nunca tenha existido nada parecido.
Esta é a dúvida: uma frente de esquerda pode ser alargada sem perder sua identidade, numa hora em que a extrema direita cresce em todo o mundo, ou deve voltar às suas origens e escolher melhor as parcerias?
Gonzalo Civila, Fernando Pereira e Ivonne Passada (na foto) são os candidatos à presidência da FA. As esquerdas uruguaias tentam lidar, com a renovação de dirigentes, com uma provocação deixada pelo ex-presidente Tabaré Vázquez pouco antes de morrer, no dia 6 de dezembro do ano passado.
Tabaré imaginava a Frente Ampla refeita em bases remoçadas e mais amplas. Mas há quem pense o contrário e trabalhe no sentido de fazer com que a frente seja mais de esquerda.
A frente ampla imaginada no Brasil é outra coisa, ainda com poucas semelhanças com a FA de Pepe Mujica, mas a ideia de amplitude, com seus limites, está presente na preparação da volta de Lula ao poder.
Amplia-se para poder governar, mas até onde?
Com a morte de Tabaré e a decisão de Mujica de abandonar a política institucional, renunciando ao mandato de senador em outubro do ano passado, a FA se refaz e inicia nova caminhada, mas em que direção?
MAS OS MEUS CABELOS
Um observador de mensagens que ficam aparentemente ocultas até em cabelos:
“Presta atenção no corte militar que Sergio Moro apresentou hoje em Porto Alegre”.
Estou prestando. Bolsonaro não deve ter gostado.
No telão e no banner, a mensagem militar está mais acentuada.
REALIDADE PARALELA
A economia parou, o desemprego aumenta, a gasolina daqui a pouco estará a R$ 10, e as ruas de Porto Alegre estão entupidas de carros.
A Folha informa hoje que o carro popular que custava R$ 45 mil em 2020 é vendido agora por R$ 70 mil.
A Folha não diz que esse carro popular custava em torno de R$ 32 mil em 2016, quando derrubaram Dilma.
Em cinco anos, desde o golpe, o carro popular mais do que dobrou de preço.
Mas as ruas estão tomadas pelas gigantescas SW japonesas, de todos os modelos. A parte de Porto Alegre que tem seu mundo à parte é a seu modo a Miami da era Bolsonaro.
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