Frentes organizam ato no dia 5 de novembro para cobrar justiça para Marielle

Atualizado em 10 de setembro de 2020 às 9:12
Foto: Rede Brasil Atual

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Manifestantes que ocuparam uma faixa da Avenida Paulista, na noite de quinta-feira (31), clamando por justiça para o caso do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorrido há mais de 600 dias e ainda sem um desfecho. Eles foram assassinados em 14 março de 2018, e o principal suspeito da execução, o ex-policial Ronnie Lessa, era vizinho do presidente e então deputado Jair Bolsonaro (PSL), na época. A atividade ocorreu no calor do noticiário da semana e serviu como uma prévia para uma nova manifestação, marcada para terça-feira (5).

Na última semana, um porteiro do condomínio Vivendas da Barra citou, em depoimento, uma autorização para a entrada de outro dos supostos autores da execução, Élcio de Queiroz, vinda da unidade 58, casa de Bolsonaro, no dia do assassinato. O então parlamentar estava em Brasília na ocasião. O Ministério Público do Rio de Janeiro negou a veracidade da afirmação, mas o crime ainda tem tons nebulosos.

Uma das promotoras do MPRJ que atua no caso, Carmen Eliza Bastos de Carvalho, é uma ativista da extrema-direita nas redes sociais, defensora e militante do bolsonarismo. E na sexta-feira (2) decidiu se afastar do caso.

O ato de quinta – “Quem matou Marielle e Anderson” – foi marcado por presença ostensiva de policiais militares. Algumas das centenas de pessoas presentes descreveram a sensação como de “encurraladas”. Durante o ato, frases como “Justiça por Marielle”, “Fora Bolsonaro”, “Ditadura nunca mais”, “Marielle presente” e “Vidas negras importam” foram entoadas. Foram lembrados nomes como os de Ágatha Félix, Marcus Vinícius, Amarildo, Babiy Querino, Pedro Gonzaga e Evaldo Rosa nos gritos por justiça.

“Eles sentem que a capacidade da Marielle, da indignação em torno do caso da Marielle, mobilizar muita gente é grande. Eles sabem que é um ato que pode massificar, é um ato que representa resistência. O papel político da Polícia Militar é de intimidação política, tanto nas periferias com a intimidação política da juventude”, disse a psicóloga Luana dos Santos Alves Silva, em entrevista para a Ponte.

O ato marcado para as 18h de terça-feira, na mesma Avenida Paulista, é convocado pelas frentes Povo sem Medo e Brasil Popular. O chamado #5N aproveita a data para servir de contraponto ao AI-5, instrumento de endurecimento da ditadura defendido pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o chamado filho “03”do presidente. O senador Flávio Bolsonaro (PSL0RJ), às voltas com os escândalos relacionados ao amigo da família Fabrício Queiroz, é o “01”. O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSL), que também é morador do Vivendas da Barra, é o “02”.

“Contra o desgoverno de Bolsonaro; por justiça para Marielle Franco; por democracia e direitos; pela cassação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)”, diz a convocação.