O celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, expôs uma série de informações sobre a rotina e detalhes do gabinete presidencial. Uma quebra de sigilo ordenada em 2021 permitiu que a Polícia Federal acessasse todas as conversas do militar. A informação é da Folha de S.Paulo.
Entre as mensagens, há vários diálogos entre assessores abordando temas corriqueiros, como horário de servidores, e várias revelações importantes para investigadores. Veja uma lista com as seis mais importantes descobertas:
1- Fritura de Paulo Guedes
Em outubro de 2021, o então ministro da Economia, Paulo Guedes, aumentou o preço do diesel e Cid informou Célio Faria, então chefe de gabinete de Bolsonaro, sobre a medida. “PG não dura muito”, escreveu. A mensagem foi enviada às 13h e no final da tarde, às 16h17, Cid voltou a falar sobre o tema.
Na segunda mensagem, Cid afirmou que Bolsonaro tinha ido à Granja do Torto, residência oficial de Guedes durante parte da gestão de Bolsonaro, e afirmou: “Não cai”. Em resposta, Célio respondeu que já imaginava a decisão: “Ele vai abrir as pernas”.
2 – Deboche no Planalto
Membros da equipe do gabinete presidencial discutiam entre si por erros de comunicação e ironizavam integrantes do governo. Em julho de 2021, Célio Faria reclamou de problemas na agenda de Bolsonaro por conta de pedidos que chegavam diretamente ao chefe do Executivo e se queixou a Cid da aceitação de pedidos pelo então presidente.
Em resposta, o então ajudante de ordens debochou: “Hahahahahahaha Não tem jeito…Pelo menos Gilson e Seif sumiram essa semana”. Jorge Seif era secretário da pesa e Gilson machado, chefe da Embratur. Ambos participavam frequentemente de compromissos com Bolsonaro.
3 – Bolsonaro e ministro do TSE
Uma troca de mensagens mostrou um encontro sigiloso no Palácio da Alvorada entre Bolsonaro e Carlos Horbach, ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A reunião teria ocorrido na manhã do dia 16 de outubro de 2021, um sábado, e não há registro da conversa na agenda oficial do então presidente.
4 – Exame escondido de Covid-19
Bolsonaro fez um teste de Covid-19 após se aglomerar com apoiadores em Brasília e pediu sigilo sobre o caso. Ele afirmou ter sintomas da doença em 15 de maio de 2021 e na manhã do dia seguinte decidiu fazer um exame para ver se estava infectado, pedindo “reserva absoluta” dos auxiliares.
5 – Mais encontros secretos
As mensagens entre Cid, Célio e outros auxiliares do então presidente mostram vários encontros e compromissos do governo fora dos registros formais. Um deles ocorreu em 13 de outubro de 2021, na casa de Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na ocasião, Cid informou que Bolsonaro estava na casa do magistrado e citou outros nomes que estariam no encontro: Augusto Aras, procurador-geral da República, e André Esteves, presidente do conselho de administração e sócio sênior do BTG Pactual.
6 – Aécio e Aras fora da agenda
Em 27 de março e em 19 de outubro de 2021, Bolsonaro se encontrou com o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), segundo mensagens dos assessores do gabinete do ex-presidente. Outro encontro fora da agenda ocorreu em 30 de abril de 2021, com Aras, no Palácio do Planalto, época em que a CPI da Covid estava em sua fase inicial.