Depois de ter denunciado o vereador Renato Oliveira (MDB-SP) por injúria racial, o supervisor operacional Izac Gomes parece não ter mais nem um dia de sossego. “Primeiro, sofri racismo. Dez dias depois, fui humilhado em uma sala de reuniões, enxotado e demitido’”, disse o trabalhador para a rádio CBN.
Izac relatou ter medo de novas retaliações por ter denunciado uma figura pública. ‘Foi uma demissão muito injusta e muito estranha’, contou. O caso ocorreu durante a estadia do político na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Ele foi demitido pelo Estrelas Full Condominium sem justa causa sem jamais ter recebido quaisquer advertências. A demissão ocorreu menos de um mês após ter denunciado o vereador por injúria racial, em janeiro, quando vídeos que circularam nas redes sociais mostraram um policial dentro da piscina do condomínio de luxo segurando o parlamentar para retirá-lo do local.
Na ocasião, Renato Oliveira, que preside a Câmara Municipal de Embu da Artes, na Grande São Paulo, acabou detido e indiciado por injúria racial e resistência, mas foi liberado após prestar depoimento.
Demissão pretende silenciar vítimas de racismo
Após a demissão, sem apoio jurídico, Izac Gomes procurou a Comissão de Trabalho e de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça da Assembleia Legislativa do Estado do Rio, presidida pela deputada estadual Mônica Francisco (PSOL-RJ). Ele foi então encaminhado ao Núcleo contra a Desigualdade Racial da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
Para Mônica Francisco, a demissão de Izac Gomes pode ser uma estratégia para conter outras possíveis denúncias envolvendo o condomínio.
A Comissão de Trabalho também vai oficiar o condomínio da Barra da Tijuca para obter explicações sobre o que motivou a demissão, além de entrar em contato com o Ministério Público do Trabalho.
Parlamentar nega racismo: “jamais faria”
Após o episódio, o parlamentar disse que sequer conversou com o funcionário que o acusou de injúria racial.
“Todos vocês que me conhecem sabem do respeito e do carinho que tenho por todas as pessoas. E eu jamais faria alguma coisa que eu abomino, que é o racismo”, afirmou.
“De modo nenhum nós baixaremos a cabeça para a elite que acha que certos tipos de lugares só eles podem entrar. Nós podemos entrar. Nós somos trabalhadores e tenho certeza absoluta que tudo vai ficar bem”, declarou o vereador do MDB.