A Polícia Federal (PF) encontrou evidências da prática de rachadinha no gabinete da deputada Lucinha (PSD) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), segundo informações do G1.
Essa suspeita surgiu durante a análise do material apreendido pelo Ministério Público (MP) e pela PF durante uma operação que também revelou ligações entre a deputada e a milícia controlada por Luis Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho. Lucinha é suspeita de ser o braço político desse grupo criminoso.
Na residência da deputada, os agentes apreenderam documentos contábeis e dinheiro, indicando, segundo a PF, a prática da rachadinha. A investigação aponta que pelo menos 11 funcionários estariam recebendo salários inferiores aos registrados em seus contra-cheques na Alerj. Alguns casos mostram desvios de até 60% do valor total.
Por exemplo, o assessor Leonardo, que deveria receber R$ 9,217 mil de acordo com seu contra-cheque, estava recebendo apenas 22% desse valor, totalizando pouco mais de R$ 7 mil. Já a funcionária Vanessa, que deveria receber R$ 9,42 mil por mês, teve apenas 60% desse valor (R$ 5,424 mil) identificado nos pacotes encontrados pela PF.
Lucinha já enfrenta um processo por suspeita de rachadinha em seu gabinete, envolvendo o desvio de mais de R$ 173 mil para benefício próprio e de terceiros entre 2011 e 2015, de acordo com o Ministério Público. Esse processo está em fase final na Justiça do Rio.
Milicianos contratados
Além disso, a PF está investigando se os supostos funcionários da deputada têm ligações com grupos milicianos. Na casa de Lucinha, foi encontrada uma planilha com os repasses mensais a esses trabalhadores, e um nome em destaque é Lays Heloise Mayworm, conhecida como “Chumbinho”. Chumbinho é o sogro da funcionária e foi denunciado na CPI das Milícias em 2008.
Vale destacar que Chumbinho é sogro da funcionária que consta na planilha de Lucinha. E a polícia vai investigar o motivo dela constar na lista de pagamentos da parlamentar.
Outro detalhe preocupante é a ligação da deputada com um policial militar, Alessandro Fiel Lopes, anteriormente preso por envolvimento com a milícia “Liga da Justiça”. Cedido à Alerj a pedido de Lucinha, ele prestou serviços na instituição por pelo menos dois anos, conforme documentação de julho de 2021.
A deputada, sob investigação por suspeita de ser o braço político da milícia de Luis Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho, foi capturada em um áudio discutindo o possível impacto de uma medida da Prefeitura do Rio nos negócios do grupo criminoso que controla parte da Zona Oeste da cidade.
Nas gravações feitas em 2021, Lucinha busca informações sobre o impacto que uma medida municipal poderia ter nos negócios da milícia, especialmente no transporte alternativo, um dos pontos mais lucrativos do grupo criminoso. A deputada busca entender se a milícia é a favor ou contra a liberação de vans da Zona Norte para circularem na Zona Oeste.
Essa troca de mensagens envolveu a deputada e o miliciano Domício Barbosa de Souza, conhecido como Dom, apontado pela polícia como o responsável financeiro da quadrilha de Zinho.
As investigações conduzidas pela Polícia Federal, em colaboração com o Ministério Público, indicam que a milícia considerava benéfico que a prefeitura mantivesse a permissão para as vans da Zona Norte operarem na Zona Oeste. Isso possibilitaria à quadrilha obter maiores lucros com extorsões.
Confira:
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? PF aponta indícios de rachadinha no gabinete de Lucinha na Alerj e investiga ligação de funcionários com a milícia pic.twitter.com/8VENJ7juJL
— Blitz RJ Oficial (@blitzRJoficial) February 6, 2024