General Cid usou Apex Miami para vender joias roubadas por Bolsonaro

Atualizado em 16 de abril de 2024 às 6:47
O general Mauro Cesar Lourena Cid. Foto: reprodução

A Polícia Federal (PF) identificou evidências sugerindo que o general Mauro Cesar Lourena Cid teria usado as instalações do escritório da Apex, em Miami, em um esquema relacionado à venda de joias oferecidas como presente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), conforme informações do colunista Aguirre Talento, do UOL.

O general Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, está sob investigação da PF após a descoberta, em conversas no WhatsApp, de sua suposta participação na negociação desses itens nos Estados Unidos.

Para aprofundar as suspeitas, a PF colheu os depoimentos de três funcionários da Apex Miami, que estavam em Brasília para esclarecimentos em uma investigação interna.

O foco dos depoimentos foi o caso das joias, com os investigadores questionando se o general Cid utilizou o escritório da agência para armazenar os itens durante as negociações nos EUA. A investigação também examina se recursos da agência foram usados para despesas de pessoas externas à Apex.

Além disso, os depoimentos abordaram a participação do general Cid em um acampamento no quartel-general do Exército em Brasília. Há indícios de que ele tenha utilizado a estrutura da agência e viajado a Brasília custeado pela Apex durante sua estadia no acampamento em dezembro de 2022.

A PF investiga a venda das joias, suspeitando que tenham sido desviadas do patrimônio público brasileiro. Tais itens foram presenteados a Jair Bolsonaro durante seu mandato.

Delação: general ligado a Bolsonaro procura pai de Mauro Cid para saber sobre o acordo
Lourena Cid e Bolsonaro. Foto: reprodução

Mauro Cid levou diversos itens de luxo para os EUA no final de dezembro de 2022, durante a viagem de Bolsonaro ao país. Investigadores da PF viajarão aos EUA na próxima semana para diligências finais, em cooperação com o FBI, visando concluir as investigações sobre o caso.

Vale destacar que, embora a Apex não seja um órgão estatal, opera como pessoa jurídica de direito privado, financiada pelo sistema S. Como tal, é auditada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e deve prestar contas à corte.

Visto, celular e mensagens

Apesar de ter sido demitido no início de janeiro, o general Mauro Cesar Lourena Cid continuou utilizando por alguns meses o telefone celular corporativo da Apex, bem como seu passaporte oficial com visto de trabalho para a agência. Esse período, durante janeiro de 2023, coincide com sua suposta participação na assistência a Mauro Cid na venda das joias, como revelam as mensagens obtidas pela Polícia Federal.

O uso dos dispositivos oficiais da Apex Miami foi tema de discussões entre os funcionários em conversas de um grupo no WhatsApp. Eles apontam sinais de que o telefone celular da Apex teria sido utilizado para fotografar as joias. Além disso, há registros de entrada e saída dos EUA feitos pelo general Cid com seu passaporte oficial de trabalho da Apex, confirmando sua utilização ao longo do ano de 2023.

Como antigo colega de Bolsonaro, com quem estudou na Academia Militar das Agulhas Negras, o general Cid foi indicado pelo ex-capitão para liderar o escritório da Apex em Miami durante seu governo. Em decorrência dessa nomeação, o Itamaraty solicitou ao governo dos Estados Unidos a concessão de um visto de trabalho para o período entre agosto de 2019 e julho de 2024.

O general Cid obteve o visto do tipo A2, concedido pelos EUA a funcionários vinculados ao governo brasileiro. Esse visto foi inserido em seu passaporte oficial, um tipo especial concedido a funcionários do governo brasileiro para missões no exterior, embora não seja equivalente ao tratamento recebido pelos diplomatas.

Conforme os registros de viagem do governo dos EUA, o general Cid deixou os Estados Unidos em 26 de novembro de 2022, retornando ao país em 11 de dezembro do mesmo ano. Durante esse período, ele esteve no acampamento do quartel-general do Exército, em Brasília.

Continuando a usar o visto de trabalho da Apex, o general Cid saiu dos EUA em 24 de janeiro e retornou em 3 de fevereiro. Ele permaneceu no país até 13 de março, quando partiu de Miami para retornar ao Brasil, de acordo com os registros de imigração.

Ao perceber que o visto de trabalho do general ainda estava ativo, a atual gestão da Apex solicitou ao Itamaraty o cancelamento desse visto.

Além disso, os próprios funcionários da agência destacaram, em mensagens do grupo de WhatsApp do escritório de Miami, que o general resistiu a devolver seu celular à Apex e utilizou o dispositivo para fotografar as joias. Segundo relatos dos funcionários, ele continuou usando o celular até março de 2023.

Fernando Spohr, um dos diretores do escritório, compartilhou com o grupo a notícia sobre a busca e apreensão realizada contra o general em 11 de agosto de 2023. Em resposta, Rinelli mencionou que o próximo alvo poderia ser o escritório da Apex em Miami.

Após a divulgação de fotos das joias, onde era visível a imagem do general Cid refletida nas joias, Rinelli observou que o telefone usado pelo general para tirar as fotos era pertencente à Apex — e que ele ainda estava com o dispositivo mesmo após sua demissão do cargo em janeiro de 2023.

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link

Siga nossa nova conta no X, clique neste link

Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link