Em depoimento à Polícia Federal, o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes disse que participou do ataque terrorista de 8 de janeiro como “qualquer outro manifestante” e que não participou das depredações. Investigadores acreditam que sua declaração não condiz com vídeo produzido por ele mesmo durante o episódio. A informação é do g1.
Em imagens obtidas pela PF, o militar aparece dizendo que a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) estava usando gás lacrimogêneo nos golpistas. No vídeo, ele aparece em meio aos terroristas e diz: “Acreditem, a PM jogou gás lacrimogêneo na multidão por meia hora”.
A corporação suspeita que ele tenha relação com os golpistas que abriram acesso ao Congresso Nacional e aponta que Ridauto era um dos “kids pretos”, integrantes do Exército que teriam iniciado a invasão às sedes dos Três Poderes em Brasília.
A PF diz que imagens mostraram a ação de um primeiro grupo de vândalos, que usavam balaclava e luvas, abrindo passagem para o restante dos golpistas pelo teto do Congresso. Diversos presos relataram a ação desses indivíduos em depoimentos e disseram que eles ajudaram os demais a entrar nos prédios.
De acordo com os depoimentos, o grupo abriu as escotilhas de acesso ao teto do Congresso e depois chamou os outros invasores. A PF suspeita do general da reserva com esse grupo “invisível”.
Ridauto é ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde e ligado ao ex-ministro Eduardo Pazuello. Ele foi nomeado em julho de 2021 e exonerado no último dia do governo Bolsonaro. Atualmente professor do Instituto Sagres de Política e Gestão Estratégica Aplicadas, o militar foi alvo de mandado de busca e apreensão da PF.
Foram apreendidos um celular, uma arma e seu passaporte durante a operação. O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda determinou o bloqueios de seus ativos e ele foi intimado a prestar depoimento pela corporação enquanto agentes faziam as buscas.
Os “kids pretos”, também chamados de “forças especiais”, são militares da ativa ou da reserva do Exército especialistas em operações especiais. Os membros desse grupo se formaram no Comando de Operações Especiais em Goiânia, em Goiás, ou na 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus, no Amazonas.
O treinamento prepara esses militares para atuar em missões com alto grau de risco e sigilo e para situações que envolvam sabotagem, operações de inteligência, planejamento de fugas e evasões.