General negro assume comando regional do Exército; é o 3º em 375 anos

Atualizado em 4 de fevereiro de 2024 às 8:11
O general André Luiz Aguiar Ribeiro – Reprodução

O general André Luiz Aguiar Ribeiro tornou-se comandante da 6ª Região Militar (RM), responsável pelas operações do Exército na Bahia e em Sergipe, em dezembro do ano passado.

O feito é notável, já que André Luiz é apenas o terceiro negro a alcançar a patente de general de Divisão, uma posição de destaque e rara na história do Exército Brasileiro. Os outros dois foram o general Lourival do Carmo, promovido em 1950, e general João Baptista de Mattos, promovido em 1961.

Considerando-se que a corporação tem como data de fundação 19 de abril de 1648, ela completou ano passado 375 anos.

Segundo especialistas, assumir o comando de uma região militar estratégica como a 6ª RM pode ser um trampolim na carreira de Ribeiro, abrindo caminho para que ele eventualmente alcance o posto mais alto da hierarquia militar, o de general de Exército.

Vale ressaltar que essa conquista seria histórica, já que nenhum negro alcançou essa posição em mais de 200 anos de história militar.

Apesar de haver uma presença significativa de negros em patentes inferiores, a representatividade é escassa entre os generais do Exército. As promoções são baseadas no desempenho, mas a questão da diversidade racial ainda é considerada um tabu dentro da instituição.

O general André Luiz Aguiar Ribeiro, na cerimônia em que assumiu o comando da 6º Região Militar, em Salvador – Reprodução

Um levantamento feito em 2021 pelo jornal O Globo mostrou que, entre os 400 oficiais-generais das três Forças Armadas então na ativa, havia somente 7 pretos (1,75% do total). O Exército tinha (e tem) a cúpula mais branca entre as Forças: o único oficial-general negro da corporação verde-oliva era (e continua sendo) André Luiz Ribeiro.

O general Ribeiro, que vem de uma família humilde, é o único oficial-general afrodescendente em atividade no Exército. Ele evita discutir questões raciais, enquanto a instituição militar não fornece dados sobre diversidade étnica, o que levanta questões sobre a transparência e a igualdade de oportunidades dentro da corporação.

Além de suas responsabilidades militares, Ribeiro tem o desafio de estabelecer parcerias com o governo da Bahia para enfrentar a crise de segurança no estado e garantir operações de auxílio durante períodos de seca, como ocorreu recentemente.

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