Publicado originalmente na RFi
A líder do partido pós-fascista, Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, foi oficialmente nomeada primeira-ministra nesta sexta-feira (21) e se torna, assim, a primeira mulher a ocupar o cargo no país. A nova premiê anunciou logo em seguida seu gabinete e tomará posse neste sábado (22), no palácio do Quirinal, diante do presidente da República, Sergio Matarella.
A nova premiê italiana tem o apoio do líder populista Matteo Salvini, da Liga, e de Silvio Berlusconi, da Força Itália, o que garante a maioria absoluta na Câmara dos Deputados e no Senado. Esta é a primeira vez, desde Mussolini, há 100 anos, que um partido de tendência fascista assume o poder. O gabinete da primeira-ministra é formado por 24 ministros, entre eles, seis mulheres.
O ex-presidente do Parlamento europeu, Antonio Tajani, membro da Força Itália, foi nomeado chanceler e vice-primeiro-ministro, cargo que dividirá com Salvini, que assume a pasta da Infraestrutura e Transporte. Giancarlo Giorgetti, representante da ala moderada da Liga e que já foi ministro de Mario Draghi, será o novo ministro da Economia. O prefeito de Roma, Matteo Piantedosi, ficará com a pasta do Interior.
A terceira economia da zona do euro enfrenta, como seus vizinhos, uma situação econômica difícil, provocada pela crise energética e a inflação, e nova primeira-ministra deverá gerenciar, além dessas dificuldades, dissidências dentro do partido. Salvini e Berlusconi têm dificuldades em aceitar a autoridade de Giorgia Meloni, cujo partido obteve 26% dos votos nas eleições legislativas de 25 de setembro, contra 8% para o Força Itália e 9% para a Liga.
Nesta semana, por exemplo, Berlusconi declarou que havia retomado o contato com o presidente russo, Vladimir Putin, e responsabilizou a Ucrânia pela guerra. A nova premiê declarou, em seguida, que a Itália faz parte, com orgulho, da Europa e da Otan – uma maneira de tranquilizar os membros da UE, que vêm com preocupação o euroceticismo do novo governo.
Apesar de defender o lema “Deus, Pátria e família”, Giorgia Meloni prometeu que não questionaria a lei que autoriza o aborto na Itália. Os esforços de sua equipe devem se concentrar principalmente na crise econômica do país, que registrou um aumento de 8,9% na inflação em um ano, em setembro.
A Itália pode entrar em recessão no próximo ano, e as margens de manobra são limitadas. A dívida pública do país equivale a 150% do PIB (Produto Interno Bruto), só perdendo para a Grécia.