O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, novo herói dos bolsonaristas, trabalha no Rumble, em que apresenta um programa de notícias diário chamado System Update. Greenwald também se tornou talvez o defensor mais visível da plataforma no X, antigo Twitter.
O Rumble, maior rival do YouTube no segmento de conteúdo audiovisual, procura atrair produtores de conteúdo banidos por outros sites por infringir regras de conduta ou defender negacionismo científico ou discursos de apologia ao nazismo, por exemplo. Greenwald pessoalmente negociou para trazer o Rumble para o Brasil e intermediou a contratação do influenciador fascista Monark.
Em dezembro, o Rumble saiu do Brasil por “discordâncias com as exigências da Justiça brasileira”, segundo nota do fundador Chris Pavlovski. Nesta terça-feira (13), Greenwald acusou na Folha Alexandre de Moraes, ministro do STF, de “ordenar por mensagens e de forma não oficial a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral para embasar decisões do próprio ministro contra bolsonaristas no inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal durante e após as eleições de 2022”, de acordo com o próprio jornal.
É um pastel de vento, mas faz o barulho de que vivem os fascistas. Não por acaso, Moraes é o alvo predileto de Greenwald. “O Brasil vive um regime de censura imposto pelo STF”, disse ele, amparado num entendimento canalha de liberdade de expressão baseado na primeira emenda da Constituição dos EUA. Greenwald acha que somos índios.
Na verdade, ele serve aos interesses dos donos do Rumble. Dedica-se a atacar Kamala Harris e Joe Biden dia sim, dia sim também. O jornal The Wall Street Journal revelou que investidores de risco vinculados a Donald Trump puseram cerca de US$ 500 milhões (R$ 3 bilhões) no Rumble. Peter Thiel, fundador do PayPal e acionista do Facebook, é o principal financiador — além de JD Vance, vice na chapa de Trump, e Darren Blanton, ex-assessor do ex-presidente americano.
Ninguém está dizendo que a VazaJato e a reportagem sobre Moraes — que só começou — são idênticos. Isso é irrelevante, e não é uma defesa de Moraes.
Mas o que é idêntico é como os adoradores de cada juiz estão defendendo Moraes e atacando o jornalismo (com os lados trocados). pic.twitter.com/dHqKA7aAev
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) August 14, 2024
O Rumble ganhou popularidade em 2020, quando foi realizada a última eleição presidencial nos Estados Unidos. O então deputado Devin Nunes criou um perfil na plataforma e foi seguido por outros republicanos. O fundador da organização Turning Point USA, Charlie Kirk, levou para o Rumble o seu podcast “The Charlie Kirk Show”. O apoiador de Trump e comentarista Dan Bongino também é um sucesso na plataforma.
Há diversos defensores da teoria conspiratória QAnon, com milhares de seguidores. O ator e comediante Russell Brand (“Rock of Ages”) apresenta um podcast na plataforma. Embora tenha se rotulado como alguém de esquerda no passado, Brand mudou seu pensamento e se alinhou à direita conspiracionista. Ele frequentemente fala de um suposto plano de dominação mundial marxista encabeçado por grandes empresas.