Por Claudio Recco
O Enem foi criado em 1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e ao longo dos anos vivenciou mudanças e adaptações graduais em sua forma e uma grande ampliação em seu alcance do ponto de vista social.
O Brasil teve mais 3 presidentes diferentes – Lula, Dilma e Temer – e temos pela primeira vez um governante e seus agentes promovendo uma interferência direta na formulação da prova.
É fundamental perceber que a evolução do ENEM nesses mais de 20 anos esteve acompanhada por outras transformações significativas na educação, mesmo que consideremos que ainda há muito a fazer.
Universidades foram criadas, vagas foram ampliadas, sistemas de acesso foram alterados e grandes universidades não subordinadas ao governo federal – as estaduais – e universidades particulares passaram a adotar parcialmente as notas do Enem e os novos sistemas de acesso como o ProUni.
A grande preocupação foi a ampliação e a democratização das formas de acesso e essa não é a preocupação do atual governo, marcado claramente por postura e defesa aberta do autoritarismo, apresentado como algo normal e o exemplo mais recente dessa postura é a “exigência” de que o golpe de 1964 seja apresentado na prova como uma revolução.
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Doutrinação no Enem
A normatização do autoritarismo é uma prática comum em nossa sociedade porém nos últimos anos ela ganhou um impulso institucional com a conivência de diversos setores sociais, destacando a maior parte da imprensa tradicional e, no que interessa mais nesse momento, temos uma forte propaganda contra os professores e professoras, acusados aberta ou veladamente de doutrinadores.
Nesse momento, quando o atual presidente atua para interferir na organização e formatação do Enem– tarefa de centenas de especialistas num processo de anos – vemos abertamente o que significa a doutrinação e seu principal agente, um homem que defende a tortura, a intervenção, a discriminação e a violência, violentado não só a prova do Enem mas a vida de milhões de jovens que buscam acesso à Universidade.
Mas ele não se importa, a violência é normal.
*Claudio Recco – formado em História pela USP, professor do ensino médio e curso pré-vestibular, responsável pelo HISTORIANET, autor de 5 livros para estudantes de pré-vestibular e do e-book “As Ciências Humanas no ENEM”
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