Uma investigação do jornal britânico Observer revelou que mulheres que buscam aconselhamento online sobre abortos no Reino Unido estão sendo direcionadas por anúncios do Google a serviços de aconselhamento comandados por ativistas antiaborto.
Quando as mulheres buscam por termos ligados a gravidez e aborto, os anúncios do Google que levam às páginas contra as políticas de interrupção de gravidez aparecem em destaque, com estilo de escrita estilizado para se parecerem com resultados reais de busca.
Na Grã-Bretanha, uma mulher pode abortar legalmente até as 24 semanas de gestação desde que dois médicos assinem um termo dizendo que a continuidade da gravidez pode representar risco para sua saúde física ou mental. A regra está prevista em uma lei de 1967.
A reportagem publicada neste final de semana revelou que 117 dos 251 anúncios mostrados pelo Google no Reino Unido a quem busque frases como “aconselhamento público para aborto”, “ajuda confidencial para aborto”, “ajuda para adolescentes grávidas” são de grupos conservadores que se opõem à interrupção da gravidez.
Essas propagandas aparecem na busca antes dos sites de serviços oficiais do governo britânico para ajuda e aconselhamento de grávidas.
Na página de um desses grupos, o destaque é dado para números telefônicos gratuitos que prometem aconselhamento, sem deixar claro que do outro lado da linha estará um ativista pronto a convencer a mulher em seguir a gravidez. O site do grupo Linha de Ajuda para Crises na Gravidez, por exemplo, mostra em sua primeira página a mensagem: “Você está tendo dificuldades com a gravidez? Estamos aqui para ajudá-la. Ligue”.
Segundo a reportagem, este site é coordenado por uma organização evangélica de direita que luta pela proibição do aborto no Reino Unido.
Em resposta aos jornalistas, o Google afirma que as propagandas listadas contêm uma etiqueta “anúncio” e que não ferem as regras da plataforma.
Publico originalmente em RFI
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