O corregedor da Receita Federal, João José Tafner, afirma ter sofrido no ano passado pressão do antigo comando do Fisco para arquivar processo disciplinar aberto contra o chefe da inteligência da Receita Federal no início do governo Bolsonaro, Ricardo Feitosa. Ele acessou e copiou dados fiscais sigilosos de desafetos do ex-presidente.
De acordo com informações da Folha de S.Paulo, documentos internos e depoimentos de pessoas ligadas ao caso apontaram que Tafner acusou o então secretário da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes e o então subsecretário-geral, José de Assis Ferraz Neto, de pressioná-lo a arquivar o caso e não punir Feitosa.
O atual secretário da Receita, Robinson Barreirinhas, transcreveu as acusações de Tafner em uma ata e as enviou à corregedoria do Ministério da Fazenda, que já abriu investigação. Barreirinhas, entretanto, enxergou possível ato de prevaricação por parte de Tafner.
Vale destacar que o bolsonarista chegou à função após uma longa campanha pública e de bastidores do clã Bolsonaro para emplacar na cadeira alguém alinhado. Em 2018, ele também participou de atos de campanha do ex-capitão e chegou a posar para fotos ao lado de Eduardo Bolsonaro.
Fontes da Folha afirmaram que as declarações sobre a suposta pressão sofrida por Tafner foram feitas para sinalizar ao atual comando do Fisco que ele não é bolsonarista. Ele entregou a conclusão da investigação contra Feitosa com a recomendação de demissão do servidor. A decisão cabe ao ministro da Fazenda Fernando Haddad.
O ex-secretário da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes, por sua vez, negou ter exercido pressão sobre a corregedoria. “O gabinete da Receita na gestão anterior não sofreu nem exerceu qualquer pressão sobre a Corregedoria da Receita Federal no sentido de alterar os seus pareceres em processos disciplinares, todos integralmente acatados. A Corregedoria da Receita é um órgão técnico e exerce suas atribuições com autonomia”, afirmou.
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