Membros do governo Jair Bolsonaro fizeram uma operação para tentar diminuir a crise que passou a acontecer após a revelação de uma ligação interceptada pela Polícia Federal em que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro fala do presidente da República.
No telefonema com a sua filha, Milton afirma que Bolsonaro teria dito que iria ter uma busca e apreensão em sua casa. O ex-chefe do MEC é investigado por suspeita de tráfico de influência e corrupção envolvendo dois pastores que tinham livre acesso ao governo federal. A PF gravou quase 1,8 mil ligações durante a investigação.
Por conta disso, aliados do presidente criaram um plano para evitar a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado para apurar as suspeitas de irregularidades no Ministério da Educação. Os bolsonaristas tratam o tema como prioridade.
A oposição conseguiu reunir 27 assinaturas, o mínimo exigido para começar os trabalhos de apuração. No entanto, os aliados do presidente da República perceberam que podem convencer pelo menos um nome para retirar a assinatura: o senador Giordano (MDB).
Membros do governo apontam que há uma enorme insatisfação do parlamentar, porque não teve demandas atendidas pelo Executivo. Giordano declarou que não tem nenhum problema em conversar com Bolsonaro e seus interlocutores.
“Se tiver um motivo plausível e uma equipe sentar comigo, sentar com a equipe do governo e explicar que a intenção não é apurar fatos reais do que aconteceu e sim eleitoreiro, tudo bem, pode ser até que eu possa avaliar”, falou ao jornal O Globo.
Os bolsonaristas querem fazer Giordano mudar de ideia o mais rápido possível. Isto porque, caso a oposição protocole o pedido de CPI do MEC, a aposta do Planalto é que o grupo vá ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedir a imediata instauração da comissão.
O governo também tem trabalhado nos bastidores para buscar informações das investigações em torno do escândalo do MEC. Interlocutores do presidente dizem que não há indícios de novas gravações com força para prejudicar o Palácio do Planalto. Desta forma, eles seguirão trabalhando com o discurso de que não há provas contra Bolsonaro.
Só que tudo isso podem mudar após a PF ter apreendido o celular do ex-ministro e de outros suspeitos. Os policiais farão uma perícia para tentar encontrar novas provas.
Bolsonaro não quis falar sobre o assunto durante evento em Santa Catarina. Outros membros do governo devem adotar o mesmo comportamento. Apenas estão autorizados a tratar do tema, por enquanto, são Frederick Wassef, advogado da família, e o senador Flávio Bolsonaro.