Governo Bolsonaro: Defesa discutiu minuta golpista em reunião marcada por tensão

Atualizado em 15 de março de 2024 às 11:37
Bolsonaro em conversa com Paulo Sérgio Nogueira, em Brasília. Foto: Lúcio Tavora

Os ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Baptista Júnior (Aeronáutica) relataram à Polícia Federal (PF) que o ministro da Defesa do governo Bolsonaro, general Paulo Sérgio Nogueira, convocou os chefes militares para discutir uma proposta de golpe de Estado contra a vitória de Lula (PT) nas eleições, conforme informações da Folha de S.Paulo.

A reunião foi marcada por tensão e, de acordo com os relatos fornecidos à PF, o comandante da Aeronáutica deixou o gabinete do ministro da Defesa antes do final do encontro. Eles informaram que a reunião aconteceu em 14 de dezembro de 2022.

Segundo o relato de Baptista Júnior, Paulo Sérgio Nogueira começou a reunião mencionando que tinha uma minuta que “gostaria de apresentar aos comandantes para análise e revisão”. Ele disse que, ao examinar o documento, questionou o ex-ministro: “‘Esse documento prevê a não assunção do cargo pelo novo presidente eleito?”.

“O depoente [Baptista Júnior] entendeu que haveria uma ordem que impediria a posse do novo governo eleito; que, diante disso, o depoente disse ao ministro da Defesa que não admitiria sequer receber esse documento; que a Força Aérea não admitiria tal hipótese [golpe de Estado]”, diz trecho da transcrição do depoimento.

Também em oposição às propostas golpistas, Freire Gomes afirmou que a minuta apresentada por Paulo Sérgio era “mais ampla” do que a proposta feita dias antes pelo então presidente Bolsonaro.

Freire Gomes e Baptista Jr.: como seria o golpe e por que não foi dado. Aviso de Toffoli e de Aras garantiu diplomação de Lula - Brasil 247
Freire Gomes e Baptista Jr. Foto: reprodução

O documento também mencionava a declaração do estado de defesa e a criação da Comissão de Regularidade Eleitoral —medidas previstas no texto encontrado na residência do então ministro da Justiça, Anderson Torres.

De acordo com o depoimento de Baptista Júnior, após questionamentos sobre as possíveis intenções golpistas descritas na minuta, Paulo Sérgio permaneceu em silêncio e não pediu a opinião dos demais chefes militares sobre a proposta.

“O depoente, em seguida, retirou-se da sala; que a minuta estava sobre a mesa do ministro da Defesa Paulo Sérgio de Oliveira; que o almirante Garnier [então comandante da Marinha] não expressou qualquer reação contrária ao conteúdo da minuta, enquanto o depoente esteve na sala”, prossegue o termo do depoimento.

Vale destacar que o almirante Almir Garnier e os generais Paulo Sérgio e Braga Netto não se pronunciaram sobre as investigações. Em depoimentos à PF em fevereiro, os três optaram por permanecer em silêncio.

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