O governo Bolsonaro cortou questões do próximo Enem. O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) passou a imprimir a prova previamente. O procedimento é inédito e não foi adotado em anos anteriores. Com isso, mais pessoas tiveram acesso ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) antes da aplicação.
Quem examinou a primeira versão foi o diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep, Anderson Oliveira, que está no cargo desde maio. 24 questões foram retiradas da prova após “leitura crítica”. Algumas dela foram consideradas “sensíveis”.
A retirada de questões da prova para deixá-la com a “cara” do governo, deixou o Enem descalibrado. O exame tem uma quantidade de questões consideradas fáceis, médias e difíceis. 13 das questões suprimidas foram reinseridas após constatar que houve mudanças no nível de dificuldade.
Segundo servidores, Danilo Dupas, atual presidente do instituto, deixou claro que a prova não poderia ter perguntas consideradas inadequadas pelo governo. A pressão é entendida por servidores como um assédio moral. Relatam ainda que a pressão atual já levou a autocensura dos grupos que escolhem as questões.
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Pressão sobre o Enem vem desde 2020
A pressão para impor a “cara” do governo na prova vem desde 2020. No ano passado, um dos que entrou na sala segura para ver as questões foi o general da reserva Carlos Roberto Pinto de Souza, ex-comandante do Centro de Comunicação do Exército. Ele morreu de covid e foi substituído pelo tenente-coronel-aviador Alexandre Gomes da Silva.
A intenção de mexer no exame, entretanto, vem desde a eleição de Bolsonaro, em 2018. Ele criticou uma questão que mencionava o dialeto de gays e travestis. No primeiro ano da gestão, foi criada uma comissão para avaliar o Banco Nacional de Itens do Enem a partir da “realidade” do Brasil.
O então ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que as questões não seriam carregadas “com tintas ideológicas”. No mesmo ano, desaconselhou o uso de 66 questões por promover “polêmica desnecessária”, “leitura direcionada da história” ou ferir “sentimento religioso”.
A informação é do Estadão.
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