O governo Lula fez um mapeamento de servidores que participaram e atos golpistas após as eleições. A identificação ocorreu antes da posse e consta em um relatório do Ministério da Justiça. O documento também indicou manifestações bolsonaristas nas redes e funcionários que frequentaram o acampamento do Quartel-General do Exército em Brasília. A informação é da Folha de S.Paulo
O dossiê cita ao menos oito militares da ativa lotados na Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro que participaram dos atos golpistas e foram ao QG do Exército.
“Há informações internas do Palácio do Planalto de que outros servidores da Diretoria de Tecnologia, da Secretaria de Administração da Presidência da República, bem como funcionários de outras unidades da Presidência da República teriam participado de manifestações antidemocráticas em frente ao QG do Exército ou em redes sociais”, diz o relatório.
No total, foram citados 18 servidores lotados em cargos comissionados na Presidência. Ao menos 16 ainda permanecem em seus postos e dois foram exonerados no início de janeiro.
Quatro servidores negaram ter participado de atos golpistas ou frequentado o QG, enquanto outros dois disseram ter passado nos arredores, mas não participaram das manifestações.
A Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) afirmou que alguns servidores não foram exonerados porque defende que “todas as pessoas envolvidas sejam investigadas e punidas, nos termos da lei, sendo assegurado a todos o amplo direito de defesa”. “O envolvimento de cada um deles será devidamente apurado pelos órgãos competentes e as medidas cabíveis serão tomadas”, declarou a secretaria.
Sérgio Bastos Dytz, um dos servidores exonerados neste mês, diz que sua participação no ato golpista “é coisa do passado” e que só esteve lá “no comecinho”.
“Não participei de nada, não. Fui lá visitar, ver como é que era, o que é que tinha, mas em contato com ninguém. Fui apoiar a candidatura do presidente Bolsonaro na época em que ele estava concorrendo a presidente. Só isso. Como muitos. Como 70 milhões de brasileiros foram”, argumentou.
Segundo o documento do governo, Dytz é filho de general e teria participado junto de sua esposa das manifestações no QG do Exército. Renato Fernandes Morais, que também foi exonerado, é um coronel reformado que atuava na Secretaria-Geral da Presidência.