Publicado originalmente no blog do autor
Por Fernando Brito
Em seguida à morte do senador Major Olímpio, a Câmara dos Deputados interrompeu seu funcionamento presencial e só funciona em “home office”. Correto, não há razão para fazer com que morram mais parlamentares.
Agora há pouco, a Volkswagen suspendeu o funcionamento de suas linhas de produção por duas semanas. Ótimo, os trabalhadores metalúrgicos devem ter sua vida preservada e não compensa morrer para que não se espere 15 dias por um carro Okm.
Políticos ou metalúrgicos, com certeza, como eu e você, merecem que o trabalho seja um meio de vida, não um meio de morte.
Mas, e os outros?
A moça que trabalha numa loja de roupas, o faxineiro que limpa as academias de ginástica, o garçom do bar da esquina também não merecem igual proteção?
E os trabalhadores dos serviços essenciais não têm o direito de viajar em transportes sem a superlotação corriqueira, porque 50, 60 ou 70% das atividades foram suspensas?
Ou lockdown e segurança são privilégios dos políticos e dos que trabalham em empresas responsáveis?
São, porque o Estado brasileiro se tornou um grande ausente para o povão.
Quando aparece, é com polícia, com bala, ou agora, exigindo que ele se apinhe num ônibus ou num trem, para morrer do “vírus perdido”, que mata agora em grande escala.