Grazie Mille

Atualizado em 11 de março de 2011 às 9:50
Até o Gladiador cai bem em Roma

De Roma

Roma é uma cidade da qual é difícil você se despedir.

Você vai embora mas diz para si mesmo que vai voltar. E não está falando à toa.

Roma é uma cidade para dizer até breve, não adeus.

A mistura de tradição com novidade é simplesmente perfeita em Roma. O caos de Roma é criativo e organizado. O caos de Roma, miracolo!, é eficiente.

Mesmo os camelôs de Bangladesh, que cercam você para vender de flores a uma geléia que atirada no chão vira um bichinho, caem bem em Roma. Mesmo os gladiadores do Coliseu que grudam em você e arrancam 10 ou 20 euros para sair em fotos enriquecem a paisagem romana.

A comida é inacreditável. Você come uma pizza soberba, que pelo menos na hora vai parecer a você a melhor do mundo, em qualquer esquina. E as pastas? E o presunto de Parma? E o azeite? E o vinho?

Mas nada define Roma tão bem quanto seu povo.

São pessoas alegres, amigas. Bem-humoradas. Fazem você se sentir em casa instantaneamente. Os garçons e as garçonetes. Os balconistas. O pessoal dos hotéis. Até os motoristas de táxi, eles que universalmente se queixam da vida, são sorridentes em Roma.

O romano não tem a arrogância insuportável do parisiense nem a fleugma calculada do londrino. É um primo do brasileiro, por assim dizer.

Os romanos e as romanas são elegantes sem ser ridículos. O senhor de uns 70 anos ali na esquina, esperando o ônibus. Repare. Sobretudo, a gola erguida, o chapéu panamá, o cabelo penteado para trás, o bigode justo. Ele é um símbolo da elegância romana, um imperador entre tantos imperadores que caminham pelas ruas.

É uma elegância simpática, nada esnobe. Uma elegância de alma, de conteúdo, mais que de embalagem.

Estou no aeroporto, depois de um dia de inverno que já anuncia a primavera. Dezesseis graus, a escadaria da Piazza di Spagna tomada por gente que apanha um sol quanto conversa e olha a fonte lá embaixo. Antes de vir comprei um sobretudo, na esperança de captar uma fração da elegância italiana.

Embarcar em Roma é bem menos complicado do que embarcar em Londres. Os controles são menores, a paranóia é menor.

Bem, de volta a Londres, ao frio glorioso de Londres.

Ao subir do avião, penso em Roma. Uma expressão me ocorre.

Grazie, Roma. Grazie Mille.