O jornalista Glenn Greenwald é um tipo raro de homem que pode ser qualificado como exército de um homem só.
Isso ficou particularmente claro no embate entre ele e toda a imprensa brasileira pela narrativa no plano internacional dos acontecimentos que levaram à derrubada de Dilma.
Greenwald ganhou. Por nocaute.
Por um motivo: ele é uma voz ouvida e admirada em todo o mundo ao contrário do que acontece com a provinciana mídia nacional.
Coube a Greenwald liquidar com as falácias que chegavam ao exterior pelos veículos dos Marinhos, Civitas, Frias e Mesquitas. Bastou uma entrevista sua à CNN em que ele descreveu o golpe como ele é.
Quase que simultaneamente, seu companheiro David Miranda publicou um texto extraordinário no Guardian britânico.
Pronto. Num lado e no outro do Atlântico, foram jogadas luzes sobre a conspiração plutocrata que levou um bando de corruptos para o Planalto.
É sorte para o Brasil que Greenwald tenha optado há onze anos pelo Rio de Janeiro por seu amor por Miranda. Isso lhe deu um conhecimento sobre o país e sua mídia que fez agora toda a diferença.
Numa entrevista a Lula, ele disse jamais ter visto uma mídia tão partidária, parcial e portanto desonesta quanto a brasileira. No Twitter, chamou o JN de uma piada depois de sugerir que Bonner pusesse um bigode para narrar, como fizera com Lula e Dilma, os diálogos de Jucá com Machado.
Greenwald é odiado pelos barões da imprensa e seus fâmulos que se fantasiam de jornalistas por duas razões. A primeira é que, ao contrário deles, é uma referência internacional. A segunda é que ele representa valores opostos aos defendidos pelo que ele acertadamente chama de mídia plutocrática brasileira.
Greenwald se bate por uma sociedade igualitária, justa, em que um pequeno grupo de poderosos não esmague imensas levas de desvalidos.
Não surpreende que os Mesquitas estejam agora defendendo a expulsão de Greenwald do Brasil. Ao longo de sua história, os Mesquitas sempre estiveram por trás das causas mais devastadoras para o avanço da sociedade brasileira. Conspiraram, como agora, para os golpes de 1954 e 1964.
São tão bons para conspirar e tão ruins para jazer jornalismo que estão perpetuamente insolventes, mesmo com todo o dinheiro público e todos os privilégios fiscais que, como toda a mídia, caem sobre seus colos ineptos. (Até hoje a imprensa tem reserva de mercado e desde sempre é isenta de impostos na compra do papel com que imprime seus jornais e revistas.)
Onde estão os Mesquitas e seus companheiros de mídia plutocrática, estão coisas nocivas à sociedade. Por eles, seremos sempre uma República de Bananas, e nunca uma Escandinávia.
Se há alguma justiça mesmo num país cuja suprema corte parece a plutocracia togada, Greenwald não será expulso e nem sua voz suprimida entre os brasileiros.
No futuro, quando os historiadores escreverem sobre os tristes dias de 2016, Greenwald estará entre as mais vivazes, lúcidas e justas referências.
Quanto à narrativa criminosa dos Marinhos, Civitas, Frias e Mesquitas, ela estará onde já está tudo que estas famílias disseram em golpes plutocratas passados.
No lixo.