Greve na Petrobras avança e petroleiros já reduzem produção no pré-sal, informa sindicato

Atualizado em 8 de fevereiro de 2020 às 16:05
Petroleiros em greve. Foto: Sindipetro-LP

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO SINDIPETRO-LP

Petroleiros e petroleiras das unidades operacionais espalhadas na base do Sindipetro-LP (Litoral Paulista) seguem em greve neste sábado (8) e, superadas as primeiras 24 horas de braços cruzados, já afetam a produção de petróleo no pré-sal. Trabalhadores das plataformas P-66 e P-67 entregaram as unidades à contingência da empresa com carga reduzida. Em todo o país, já são mais de 18 mil trabalhadores em greve, espalhados em ao menos 91 unidades da Petrobrás e 13 estados brasileiros.

No Litoral Paulista a greve atinge (até o fechamento desta reportagem) as seguintes unidades: Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC); Usina Termoelétrica Euzébio Rocha (UTE-EZR), também em Cubatão; Terminal Transpetro Alemoa, em Santos; Terminal Almirante Barroso (Tebar), em São Sebastião; Unidade de Tratamento e Gás Monteiro Lobato (UTGCA), em Caraguatatuba; e plataformas de Mexilhão, P-66, P-67 e P-69, cujos desembarques ocorreram hoje.

Deflagrado ontem, o movimento enfrenta ameaças de punições, assédio moral e outras arbitrariedades da alta cúpula da empresa. Desde o presidente bolsonarista Roberto Castello Branco até as gerências locais, o que se vê é a tentativa de impor um clima de terror sobre os grevistas. No Litoral Paulista, as situações mais graves ocorrem nas plataformas e RPBC/UTE EZR.

Devido ao forte assédio moral, na P-67 trabalhadores passaram mal e um deles, sem condições de realizar as atividades mínimas para a segurança da plataforma, teve de ser retirado da área e está sob observação no camarote. Na P-66, a perseguição gerencial resultou no adoecimento de três trabalhadores e alguns foram encaminhados à enfermaria. Além disso, o gerente da plataforma ameaçou punir os grevistas e espalhou mentiras sobre o movimento para gerar medo e tentar dividir a categoria.

Na Refinaria de Cubatão, a gerência segue se recusando a negociar o contingente de greve com o Sindicato para forçar a substituição dos grevistas por pelegos (fura-greves). Inclusive, recebemos a informação de que a empresa já procurou petroleiros aposentados para assumirem, provisoriamente, alguns postos. Evidentemente, nossa orientação é de que nenhum aposentado aceite esse “convite”. O momento é de fortalecer e não de atrapalhar a luta da categoria pelo cumprimento do ACT, contra as demissões e por soberania nacional.

Confira o alerta de Adaedson Costa, coordenador-geral do Sindipetro-LP, aos aposentados:

Além de afrontar o que prevê o artigo 9º da Lei de greve, a intransigência da gerência da RPBC contraria a própria decisão do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra, que exige dos sindicatos o contingente de 90% de trabalhadores. Desde o início da greve, o Sindipetro-LP tem buscado garantir a operação da RPBC com segurança. Mas isso envolve, necessariamente, a substituição dos grevistas que estão há mais de 24 horas na unidade por trabalhadores indicados pelo Sindicato. Ao rejeitar as solicitações da entidade, a empresa tenta empurrar a greve à ilegalidade e coloca a vida dos seus empregados e a segurança da unidade em risco. Enquanto a gestão mantém essa postura, irresponsável e arbitrária, diversos trabalhadores – sob forte stress emocional e esgotamento físico – estão tendo de procurar atendimento médico na enfermaria. A empresa trata o seu maior ativo, os trabalhadores, como inimigos!

Segundo o coordenador-geral do Sindipetro-LP, Adaedson Costa, a direção do sindicato está em permanente contato com os grevistas e, neste sábado, se reuniu para traçar ações para garantir o direito de greve e a preservação da integridade física e emocional dos trabalhadores.

Além disso, ele afirma que o Sindicato vem fazendo todos os esforços para cumprir a decisão do TST. “Desde o início nos preocupamos em atender o que foi determinado. E não é difícil, até mesmo porque a força da greve é fruto da espontaneidade e vontade dos trabalhadores em dar um basta a tanto assédio. Portanto, nossa greve é legal e justa. Neste momento, tanto na RPBC quanto nas plataformas e outras unidades, é importante que a categoria permaneça unida para resistir. Juntos, vamos conseguir barrar as demissões e forçar a empresa a cumprir o acordo. Em que pese ter sido rebaixado, o mínimo que se espera é que a empresa o cumpra na íntegra”.

Por fim, parabenizamos a resistência demonstrada nessas primeiras horas de greve por todas as petroleiras e petroleiros. Como disse um dos trabalhadores na assembleia que aprovou a greve, trata-se de uma guerra. Afinal, é dessa forma que Bolsonaro vem conduzindo o seu governo. Submissão e elogios aos grandes empresários e ao imperialismo, autoritarismo e ataques aos trabalhadores, suas organizações e ao povo pobre. A categoria petroleira nasceu do maior movimento social já visto no país, “O Petróleo é Nosso, e foi forjada no enfrentamento aos inimigos da nação e do seu povo. Resistiremos. A greve continua!