Na noite da última segunda-feira (2), em uma assembleia-geral, os funcionários do Metrô, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) votaram e aprovaram uma greve unificada que teve início às 00h desta terça-feira (3). A paralisação, que já havia sido alertada pelos sindicatos na semana anterior, está programada para durar 24 horas.
No início da manhã de terça, todas as linhas de gestão pública da CPTM já estavam paralisadas, incluindo as linhas 7-Rubi, 10-Turquesa, 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade. Enquanto isso, as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda continuavam operacionais. No Metrô, apenas as linhas 4-Amarela e 5-Lilás permaneciam em funcionamento, enquanto as demais linhas amanheceram fechadas.
Motivo da paralisação
As categorias estão protestando contra a privatização das três empresas públicas. Os sindicatos alegam que a transferência das operações para o setor privado, proposta pela gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), carece de um debate mais amplo com a sociedade e pode resultar em uma queda na qualidade dos serviços.
“Queremos o cancelamento de todos os processos de privatização e terceirização das empresas públicas, e exigimos a realização de um plebiscito oficial para consultar a população sobre as privatizações das empresas”, afirmou Camila Lisboa, presidente do sindicato dos metroviários, durante a assembleia.
As entidades sindicais argumentam que a concessão de linhas de transporte e a operação da rede de água e esgoto podem prejudicar a qualidade dos serviços. Eles destacam o aumento das falhas nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da CPTM, que resultaram em mais reclamações por parte dos usuários no início deste ano.
A privatização desses dois ramais de trens se tornou alvo de investigações do Ministério Público e um desafio para o governo paulista, que aplicou multas e realizou uma série de reuniões para resolver a situação. O consórcio ViaMobilidade, que assumiu as linhas, afirma estar realizando melhorias e colocando novos trens em operação.
Vale destacar que os engenheiros do Metrô não aderiram à greve, uma decisão tomada após uma liminar do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região que indeferiu um recurso interposto pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo e estendeu os efeitos da decisão ao Sindicato dos Engenheiros do Estado (SEESP), incluindo o pagamento de uma multa diária de R$ 500 mil. Em resposta, o Sindicato dos Engenheiros optou por não participar da greve.
Nas redes sociais, circulam vídeos de funcionários comentando sobre a paralisação;
São Paulo está em greve! Os trabalhadores do Metrô, CPTM e Sabesp unificaram a luta contra o projeto de privatização do Governador Tarcisio, uma cria do inelegível em SP. A privatização só piora os serviços essenciais à população, aumentando o preço e precarizando trabalhadores. pic.twitter.com/lvxmz1iVqw
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) October 3, 2023
https://twitter.com/J_LIVRES/status/1709057343160566229
Devido à greve, os residentes de São Paulo ainda estão enfrentando ônibus superlotados:
❌ Greve: Ônibus lotado já às 4h55 desta terça devido à paralisação de Metrô e CPTM#leandroamaraljornalista #greve #metro #cptm #paralisacao #onibus #lotado #terca #dificil pic.twitter.com/0C87hVZh8R
— Leandro Amaral (@Leandro25687644) October 3, 2023
Governo do estado decreta ponto facultativo
Devido à greve, o governo de São Paulo decretou ponto facultativo em órgãos públicos, resultando no adiamento de consultas, exames e outros serviços públicos agendados para terça-feira. A Prefeitura da capital paulista também suspendeu o rodízio de veículos para o dia, com exceção dos caminhões, e ampliou o itinerário de 26 linhas municipais de ônibus para mitigar os impactos da paralisação.
Quais Linhas de Metrô e CPTM Estão Afetadas pela Greve?
As linhas 4-Amarela e 5-Lilás do Metrô, bem como as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da CPTM, administradas pela iniciativa privada, estão operando normalmente, de acordo com a Via Quatro e a Via Mobilidade.
Atualmente, a CPTM e o Metrô operam da seguinte forma:
Metrô:
– Linha 1-Azul: Fechada
– Linha 2-Verde: Fechada
– Linha 3-Vermelha: Fechada
– Linha 15-Prata: Fechada
CPTM – Em operação parcial desde às 5h15:
– Linha 7-Rubi: De Caieiras a Luz
– Linha 10-Turquesa: Fechada
– Linha 11-Coral: De Guaianases a Luz
– Linha 12-Safira: Fechada
– Linha 13-Jade: Fechada
Os funcionários também estabeleceram pontos de piquetes em diferentes locais. Os ferroviários se concentrarão nas estações da Luz, Mauá, Pirituba e Francisco Morato, enquanto os metroviários planejam manifestações nos pátios de Itaquera, Belém, Oratório, Tamanduateí e na estação Ana Rosa. Os trabalhadores da Sabesp realizarão piquetes em locais como a Avenida Santos Dummont, Rua Sumidouro, Avenida Santo Amaro e Rua Sebastião Preto, na Mooca.
O governo de São Paulo classifica o movimento como “ilegal” e “abusivo”. “É absolutamente injustificável que um instrumento constitucional de defesa dos trabalhadores seja sequestrado por sindicatos para ataques políticos e ideológicos à atual gestão”, afirmou a gestão Tarcísio em nota.
Tarcísio, por conta das manifestações, fará um pronunciamento ainda nesta terça-feira, por volta das 7h, junto com os presidentes das três companhias, para detalhar as medidas de contingência destinadas a reduzir os impactos da paralisação no transporte público e nos serviços de abastecimento de água e tratamento de esgotos na capital.
Na sexta-feira, 29 de setembro, o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT) emitiu liminares determinando que o Metrô e a CPTM operassem com 100% dos serviços durante o horário de pico (6h às 9h e 16h às 19h) e com 80% nos demais horários, sob pena de multa de R$ 500 mil para cada um dos sindicatos em caso de descumprimento. Na Sabesp, a taxa de trabalhadores que devem atuar é de 85%, com uma multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento.
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