Paulo Guedes e Moro foram anunciados como sendo superministros. Note-se que nenhum presidente anterior teve superministro. Nem FH e Lula, nem Dilma. Por quê? Porque tinham ao seu lado massa crítica e partido político.
Superministro é coisa de “cavaleiro solitário”, de líder que vence sozinho uma disputa, sem partidos, e que precisa de apoio de segmentos da sociedade que gravitam em torno de determinados nomes. No atual governo, Paulo Guedes (PG) trouxe o mercado e Moro o antipetismo de classe alta.
Tudo é uma maravilha no início. Porém, cabe indagar qual a ajuda que esses superministros deram até agora, ou melhor, se eles mais ajudaram ou atrapalharam.
O desempenho político de PG no Senado ontem foi sofrível. Destratou os senadores, ficou irritado, foi prepotente, enfim procedeu de maneira a plantar mais resistência do que aceitação.
Além disso, criou uma crise no dia anterior ao não ir na CCJ na Câmara. Vem recebendo mal governadores e políticos, que saem de seu gabinete impressionados com sua falta de polidez. Não foi talhado para lidar com gente.
Moro chama muito a mídia, naturalmente. Isso traz inúmeros problemas. Veja-se a sua recente defesa da redução dos preços dos cigarros, o seu silêncio quanto a escândalos que giram em torno do governo, a suspeita de jogo combinado entre ele e Marcelo Bretas. Só problemas.
Ademais, Moro entrou em conflito aberto com Rodrigo Maia, que ora o morde, ora o assopra. A vida do ex-juiz não será fácil no legislativo, isso inclui o Senado.
Feito o balanço, pode ser que esses superministros venham trazendo mais problemas do que soluções.
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Antônio Carlos Almeida é cientista político. Autor de A cabeça do brasileiro, A cabeça do eleitor e O voto do brasileiro (Ed Record).