O governo brasileiro está articulando uma terceira via para tentar reativar a ideia de um projeto de paz entre Ucrânia e Rússia. Na próxima sexta-feira (27), em Nova York, Brasil e China irão reunir cerca de 20 países emergentes com o objetivo de lançar as bases para uma conferência de paz, conforme informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
O centro desse debate será o plano de paz elaborado em conjunto por Pequim e Brasília, que estabelece seis pontos fundamentais para uma solução diplomática à crise. Um dos aspectos principais dessa proposta é que o processo de negociação culmine em uma conferência que busque um pacto de não agressão entre Moscou e Kiev.
Enquanto o presidente Lula (PT) discursava na Assembleia Geral da ONU e mantinha reuniões, seu assessor especial, Celso Amorim, encontrava-se com representantes de diversos governos para preparar o encontro. Fontes diplomáticas confirmam que a reunião deverá ser concluída com um comunicado oficial, o que dará mais peso ao projeto de paz.
Nos bastidores, alguns governos demonstraram interesse em sugerir emendas ao plano sino-brasileiro, mas, por enquanto, o pacote não será alterado. No entanto, em negociações futuras, essas propostas poderão ser incorporadas.
Tanto o Brasil quanto a China acreditam que a proposta representa uma alternativa viável ao atual estado do conflito. O governo ucraniano, por sua vez, mantém seu próprio plano de paz, que o presidente russo Vladimir Putin já indicou a interlocutores brasileiros que seria considerado uma derrota, caso fosse adotado.
Conversas com Zelensky e Putin
Lula chegou a sugerir ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky que não existe um plano de paz unilateral, insinuando que ele precisaria aceitar uma negociação. No entanto, para Kiev e algumas potências ocidentais, negociar com Moscou em meio à invasão russa seria uma concessão inaceitável.
Há também certa desconfiança por parte dos ucranianos de que o projeto sino-brasileiro seja apenas uma camuflagem para uma proposta alinhada com os interesses do Kremlin. Entretanto, o plano não reflete as posições defendidas pela Rússia em conferências organizadas em São Petersburgo, e a reunião de sexta-feira ocorrerá sem a presença de representantes ucranianos e russos.
Antes de embarcar para Nova York, Lula discutiu o plano com Vladimir Putin. Fontes do governo brasileiro reconhecem que, para convencer o Kremlin a mudar sua postura, apenas a China possui influência suficiente na Rússia.
Além disso, os governos de Brasil e China propõem uma desescalada no campo de batalha, a fim de permitir que o processo diplomático tenha início. Ambos também defendem a troca de prisioneiros e condenam o uso de armas nucleares.