Deltan Dallagnol liderou a Operação Lava Jato entre seus 34 e 41 anos e a força-tarefa representou um marco significativo em sua vida financeira. Desde o início da investigação, mostrou interesse em palestrar sobre as chamadas “10 Medidas contra a Corrupção”.
Suas palestras, de acordo com reportagem publicada na edição de março de 2024 da revista Piauí, começaram a ter um valor estabelecido de 35 mil reais, de acordo com mensagens no Telegram obtidas pela matéria.
O procurador incentivava outros a seguir seu caminho, sugerindo a colegas que procurassem a Star, sua agência, se quisesse entrar no mercado de palestras. Ele compartilhava informações sobre os cachês de outros colegas, como o ministro Luís Roberto Barroso e Rodrigo Janot. Posteriormente, ele e outros procuradores fundaram a própria empresa de palestras em parceria com Roberson Pozzobon.
Uma vez, alertado por Pozzobon sobre o risco de fazer esse tipo de evento para instituições financeiras, Dallagnol respondeu: “Achamos que há risco, sim, mas que o risco tá bem pago.”
O procurador comemorava o sucesso de seus eventos e estava cada vez mais à vontade no circuito de palestras, inclusive para instituições financeiras. Em 2018, durante o ano eleitoral, Dallagnol acumulou uma considerável soma, celebrando ter 949 mil reais em sua conta poupança.
No final daquele ano, ele esperava obter mais 100 mil reais com palestras, além dos 400 mil reais já obtidos com palestras e livro. Nesse período, ele e sua esposa se preparavam para se mudar para um apartamento maior em Curitiba. Ao deixar o Ministério Público em 2021, Dallagnol recebia um salário bruto de 34 mil reais.
Na eleição de 2022, Dallagnol declarou um patrimônio de 2,7 milhões à Justiça eleitoral e foi eleito deputado federal com 344.917 votos, tornando-se o mais votado do Paraná. Em outubro de 2022, entretanto, o TSE cassou-lhe o registro da candidatura, e consequentemente o seu mandato, devido a sindicâncias pendentes de conclusão dos tempos de procuradoria, que poderiam, entre outras consequências, tornar-lhe inelegível em caso de condenação.