No encontro do G20, realizado no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (25), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou a possibilidade de uma primeira declaração sobre a taxação dos super-ricos, com potencial de arrecadação global de US$ 250 bilhões para o combate à fome. Haddad afirmou que há quase um consenso entre os técnicos dos governos participantes sobre um documento inicial que impulsionará essa agenda.
Em entrevista ao “Jornal das Dez”, da Globonews, Haddad destacou que vários líderes mundiais, como o presidente francês Emmanuel Macron e o estadunidense Joe Biden, têm mostrado apoio à proposta brasileira de tributação de grandes fortunas para enfrentar a fome global.
“Essa ideia vem ganhando apoio de vários presidentes. O presidente Macron já falou disso, o presidente Biden já falou disso, outros chefes de Estado, chefes de governo vêm apoiando. E nós vamos ter essa semana uma semana decisiva, pode ser que saia uma declaração”, afirmou o ministro, que teve um encontro particular com a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, na última quarta-feira (24).
Na sequência, ele emendou: Entre os técnicos, no nível técnico, já é quase um consenso sobre uma primeira declaração que vai dar impulso a essa agenda. O que não vai ser de um dia para o outro que vai se estabelecer, isso é uma construção muito delicada. Eu lembro a você que os pilares da OCDE começaram dez anos atrás e vêm se desdobrando ao longo dos anos”.
Apesar do entusiasmo com a proposta global, Haddad ressaltou que o Brasil possui condições de erradicar a fome no país até o fim do atual governo Lula (PT), em 2026, sem depender exclusivamente de recursos internacionais.
Ele também enfatizou a necessidade de novas fontes de financiamento para países com renda muito baixa: “Nós temos países com renda muito baixa, e aí nós temos que obter novas fontes de financiamento”.
Segundo o ministro, “a ideia que o Brasil levou ao G20, e vem ganhando simpatia cada vez maior, é da taxação de 3.400 famílias no mundo, que detêm US$ 15 trilhões em patrimônio e, por vários expedientes, seja por fundos isentos de pagamento de imposto, uma série de artifícios que são criados para que essas famílias, ou pelo menos a maioria delas, consigam não pagar os impostos, pelo menos não na proporção que todos nós, eu, você e todos que nos ouvem, pagam cotidianamente”.