O empresariado avaliou positivamente o novo arcabouço fiscal proposto pelo governo Lula. A nova regra proposta pela equipe econômica do governo limita o crescimento da despesa a 70% da variação da receita e terá um limite de gastos mais flexível que o teto de gastos, com uma meta de resultado primário.
Para Ricardo Lacerda, fundador da BR Partners, a nova regra veio “melhor do que o esperado”. “As metas estabelecidas pelo governo de déficit zero em 2024 e superávit em 2025 são muito acertadas e surpreenderam positivamente. Agora é importante mostrar credibilidade no cumprimento delas”, afirmou o banqueiro á coluna Painel S.A. da Folha de S.Paulo.
Presidente do conselho da Jive Investiments, Luiz Fernando Figueiredo diz que o mercado tinha expectativas positivas e que a avaliação tem sido boa. Ele diz que o projeto traz “racionalidade ao tema da dívida pública e sustentabilidade fiscal”.
“Comparado com as expectativas de resultado fiscal primário para esse ano e os próximos, está melhor em termos de expectativa”, avalia.
Para Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administração do Bradesco, diz que a proposta é robusta e melhora a perspectiva de menos pressão fiscal futuramente, o que pode, segundo ele, abrir espaço para a queda de juros.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, foi elogiado por João Camargo, que faz parte do grupo de empresários Esfera Brasil. Segundo ele, o ministro “está fazendo um trabalho excepcional”.
“Todos com quem eu conversei no mercado gostaram e estão alinhados. Foi muito bom falar que o aumento de impostos não está no horizonte. Isso deixou todos mais felizes”, relata.
Frank Geyer Abubakir, controlador da Unipar, diz que o arcabouço gera visibilidade e encerra expectativas negativas do mercado. Ele aponta que “há um compromisso claro com o controle de despesas”.
“Entre outros pontos positivos, destaco a indicação de voltar a ter superávit primário e a previsão de redução de despesa no caso de não atingimento de níveis de receita, usando a receita passada como base do limite do gasto”, aponta.
Até mesmo o bolsonarista Flávio Rocha, dono da Riachuelo, gostou do projeto. Ele diz que o novo arcabouço é “bastante razoável”, mas acredita que há risco de “uma voracidade tributária”.
“Para crescer as despesas tem de haver um aumento de arrecadação e, às vezes, por declarações de algumas áreas do governo, a gente fica preocupado com o apetite para gastar”, aponta.
Nabil Sahyoun, presidente da Alshop (associação de lojistas de shoppings), diz que é cedo para avaliar, mas aponta que o novo arcabouço gera expectativa de crescimento. “A economia indo bem, eu acho que se acalmam os mercados e tudo se ajeita”, diz.